segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A difícil e necessária arte de dizer não aos filhos






Ninguém gosta de receber um não.

A reação imediata é ficar com raiva da pessoa que está dizendo não. Seja quem for. Pai, mãe, irmão, funcionários de uma empresa, o amigo. Qualquer um.

Posteriormente pode-se mudar essa emoção inicial e considerar a situação, refletir, reavaliar. Os limites geralmente provocam raiva, e os pais devem ser capazes de encarar esse fato.

A raiva é algo comum a todos nós, embora muitas vezes a relacionemos com a culpa. No entanto, é normal e saudável sentir raiva de certas coisas.

A diferença entre adultos e crianças reside no que fazer com esse sentimento. Se os pais sentem raiva e a superam, a criança também aprenderá a manejar seus sentimentos de uma forma mais produtiva.

É importante permitir que as crianças sintam raiva e aprendam as maneiras aceitáveis de expressá-la. Ficar com medo de impor limites aos filhos poupando-os de sentir raiva, ficando frustrados momentaneamente, não é uma boa estratégia.

A realidade é mais ampla do que cada um. A realidade não se dobra às vontades individuais.

Existe uma realidade que se impõe, externa às ações humanas. E as crianças precisam aprender isso através do processo educacional. Em casa e na escola, no convívio diário com o outro.

O outro que não é ela mesma, que pode pensar e sentir de maneira diversa sobre os mesmos acontecimentos.

A falta de limites na educação de crianças e adolescentes tornou-se um problema alarmante, em conseqüência da dificuldade dos pais para dizer não aos filhos, conciliando disciplina com liberdade.

Por receio de se mostrarem rígidos e autoritários, muitos pais transferem para os filhos a responsabilidade de todas as decisões, quando, na verdade, é precisamente aos pais que cabe proteger e orientar os filhos na infância e adolescência.

Pais que se sentem culpados em dizer não acabam roubando de seus filhos a oportunidade de exercitarem suas emoções e desenvolverem sua autonomia e maturidade.

Muitos distúrbios de comportamento apresentados por crianças e adolescentes são conseqüência da incapacidade e insegurança dos pais quando se trata de impor limites.

Dizer não é um ingrediente indispensável nas relações de amor entre pais e filhos. E não o contrário, como imaginam muitos.

Amar não é sinônimo de sempre dizer sim. Isso é submissão aos desejos do outro.

Dizer sempre sim aos filhos é revelação do medo que os pais têm de perder o amor dos mesmos.

Durante a adolescência, freqüentemente, ocorrem oposições a regras, os limites sendo considerados frustrantes, mutiladores. Isso significa que deveríamos desistir deles?

O adolescente precisa voar, ser aquele que rompe as regras. A necessidade é de duas ordens. Em primeiro lugar, o jovem adolescente precisa de pais com quem possa brigar, entrar em choque.

O jovem adolescente precisa de um grau de resistência para explorar seu alcance. Isso é necessário e importante que aconteça, e não tentar ser um bom pai em demasia, no momento em que ele quer brigar com o pai mau que você é, naquele momento, na experiência dele.

Em segundo lugar, é claro que há momentos em que é preciso dizer não com firmeza.

Às vezes, seu filho realmente deseja que você o restrinja; está assustado ou preocupado com alguma coisa, mas não quer passar vergonha diante de outras pessoas ou ficar desapontado com a imagem que faz de si como alguém que é destemido.

Insistir que seus filhos concordem com você ou reconhecer que você está do mesmo lado que eles não ajuda a que se aventurem no mundo. Ter um conflito e resolve-lo sedimenta sua força.

Dizer não aos filhos é tão necessário como saber dizer sim.

São referências para que eles aprendam que no mundo das pessoas existe o proibido, o obrigatório e o permitido.

E que só há uma maneira de conhecerem cada vez mais eles mesmos, alargando suas consciências: ter referências sobre suas atitudes, sentimentos, comportamentos.

Impor limites aos filhos tem essa finalidade.

Fonte: Dizer Não – Impor limites é importante para você e seu filho – Asha Phillips – Editora Campus – 2.000.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência.
( www.procrescer.med.br)

Os perigos da automedicação




Muitas mães saem dos consultórios pediátricos frustradas, senão com raiva do profissional.

Virose. Toda vez é a mesma coisa. Virose.

Ao invés de se sentirem confortadas pela ausência de alguma doença mais grave em seus filhos, saem criticando o profissional. Sem nenhum antibiótico ou remédio para tosse.

Não volto mais aqui, pensam. Preferem ir à farmácia do fulano de tal. Lá é tiro e queda. Só olham pra garganta do menino e já sabem o que ele tem. E tome lá um antibiótico dos bons!

De outra feita são as recomendações de vizinhos, conhecidos, pessoas mais experientes. Indicam remédios para dores de cabeça, de ouvido, garganta, na coluna, inchaços.

Fazem diagnósticos de sarampo, catapora, rubéola. Afastam crianças da escola, das creches. Contra-indicam banhos, lavagem da cabeça, alimentos que poderiam fazer mal para o fígado, e assim vai.

Receitas antigas guardadas há muito tempo são repetidas. Receitas médicas indicadas para outros pacientes são recomendadas para esse ou aquele, aparentemente acometidos pelo mesmo mal.

Crianças com doenças leves são levadas de maneira desnecessária ao médico, crianças com doenças graves chegam aos profissionais com muita demora.

Vacinas básicas não são dadas por desconhecimento das verdadeiras contra-indicações. Vacinas contra doenças graves são deixadas de lado porque os pais acham que não são importantes.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A SAÚDE?

As variáveis que criam e mantém esse caos são muitas. Quero chamar atenção para a automedicação. Para o descuido das pessoas com elas mesmas e seus filhos, mantendo uma cultura “de médicos e loucos, todos nós temos um pouco”.

Viroses são comuns na infância. A maioria autolimitada, não exigindo nenhuma intervenção medicamentosa, necessitando de acompanhamento médico para eventuais complicações.

Nada de antibióticos, antiinflamatórios, anti isso, anti aquilo.

Seja antes de tudo um anti qualquer coisa.

Trata-se da saúde de crianças. Medicamentos têm que ser bem indicados por profissionais competentes na área. São armas poderosas contra várias patologias, desde que usadas com critérios científicos adequados.

As crianças estão em contínuo crescimento e desenvolvimento.

Os potenciais efeitos colaterais dos antibióticos, antiinflamatírios, anti isso e anti aquilo, poderão causar prejuízos graves, com risco de vida.

Alergias. Seleção de bactérias multiresistentes e retardamento de diagnósticos das patologias não infecciosas semelhantes a essas. E, além do mais, há o aumento dos custos do tratamento, onerando a família, sem trazer benefícios ao pequeno paciente.

A quem interessa esse caos, essa cultura de automedicação ?

Pense um pouco sobre isso. Seja mais exigente, mais criterioso com a saúde dos seus.



Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)

Ser feliz, estudar, ter sucesso: qual o melhor caminho para seu filho?



Português, História, Geografia, Matemática, Ciências, Filosofia, Educação Afetivo-Sexual, Espanhol, Inglês, Educação Física, Computação, Artes, Natação, Balé, Música, Teatro, etc, etc... E mais etc...

Ufa!

Meu filho não brinca mais, doutor. Não tem tempo. Sinto-o triste. São tarefas demais para fazer em casa. Ele anda tenso, deixou de fazer muitas coisas que fazia antes e lhe davam prazer. Não será coisa demais para a idade dele?

Essa pergunta se repete no consultório, principalmente na passagem de uma série escolar para outra, ou de uma escola para outra. A ansiedade dos pais aumenta no final do ano, época de mudanças.

O que você espera de uma escola para seu filho?

Quais valores te orientam na escolha da melhor?

Será verdade a associação freqüente que os pais fazem entre exigir disciplina escolar para seus filhos, tristeza e depressão?

O estudo é incompatível com alegria de viver?

Não se pode aprender brincando?

O ritual de passagem da infância para a adolescência e dessa para a vida adulta não poderia ser menos rígido, com maior flexibilidade adaptativa, contribuindo as escolas para facilitar esse processo e não para dificulta-lo ainda mais?

Quais os fundamentos que orientam uma escola ao se propor educar alguém, fazer parte da vida desse alguém por um longo período, ajudando a formar cidadãos livres?

Seres livres e felizes ou seres bem sucedidos, mas tristes e infelizes? Há incompatibilidade entre esses valores?

Para quem tem filhos na escola todas essas dúvidas perpassam pelas mentes preocupadas de muitos pais procurando o melhor caminho.

Dúvidas legítimas que pesam nas tomadas de decisões.

Mudar de escola? Ingressar em uma supostamente mais rígida que se propõe a dar disciplina a quem ainda não a adquiriu? Deixa-la em uma supostamente mais light, persistindo a dúvida de que ao ser supostamente mais light não estaria contribuindo, por isso mesmo, para um suposto fracasso profissional no futuro?

Qual a escola ideal? Ela existe?

Existem fundamentos educacionais que uma vez incorporados pela criança e adolescentes em formação passam a ser instrumentos valorosos para lidar com a complexidade dos tempos atuais.

O mundo está mais complexo hoje do que aquele que se mostrava para a geração dos pais atuais. Em conseqüência os jovens de hoje têm acesso a uma gama de informações que não eram disponíveis para a humanidade há apenas alguns anos. Isso pode gerar apreensão e medo. Nos pais. Nos filhos.

Há várias causas de tristeza e depressão. A realidade humana é complexa e variada. Há uma associação indevida entre tristeza, depressão e estudos.

O conhecimento é fonte de alegria e prazer. Permite ao humano adentrar-se na realidade, conhece-la melhor para poder modifica-la, tornando-a humanamente rica de significados.

A realidade é fonte de criatividade. Ser criativo é conquistar e repartir alegrias. Criar é fazer jorrar fontes genuínas de prazer e liberdade.

A realidade é aberta, dada a se construir continuamente. Um sistema educacional seja qual for, de qual escola vier, não poderá contribuir para deixar as crianças e adolescentes tristes e acuadas.

Deveria existir diálogo permanente entre pais, educadores, responsáveis pelas escolas, profissionais de saúde e demais setores da sociedade interessados em educação infanto-juvenil. O que não ocorre.

Os pais colocam as crianças nas escolas e não interagem com as mesmas no decorrer do ano. Não sabem precisamente o que se ensina, como se ensina, porque há tantas tarefas a serem realizadas. Ficam apenas com a idéia vaga de que o aluno está sendo sacrificado, permanecendo a dúvida se o professor de determinada matéria sabe realmente das exigências dos outros em termos de lições de casa, ou se é cada um por si, sem um coordenador de classe, não interessando se há exigências em excesso e cumulativas entre uma matéria e outra.

Se houvesse melhor diálogo entre pais e educadores os problemas poderiam ser melhor equacionados, surgindo a possibilidade de melhores soluções, diminuindo ansiedades.

Os pais conheceriam a respeito de métodos educacionais e as escolas ficariam mais próximas dos desejos e expectativas dos mesmos, ajudando-os na hora de optar pela escola que correspondesse melhor às suas expectativas, construindo, junto com ela, o que de melhor houver.

Após a escolha, sosseguem o coração.

O medo de errar causa angústias e paralisa as ações, gerando culpas e ansiedades.

Não há como prever e cercar o futuro exatamente tal como gostaríamos que ele fosse.

A vida é pródiga e generosa.

Uma boa educação escolar é de fundamental importância para os filhos. Mas não é o que determina, por si só, a felicidade humana.

Não deveria existir incompatibilidade entre alegria e estudos, bem como a alegria não é e nunca foi propriedade privada de quem tem acesso escolar.

A vida é muito mais ampla.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto á Adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)

domingo, 29 de novembro de 2009

Convulsão febril: medo que assombra os pais





1) O QUE É CRISE EPILÉPTICA?

É um evento neurológico resultante de uma descarga elétrica anormal, excessiva e síncrona (que ocorre ao mesmo tempo), de um grupamento de neurônios (células do cérebro).

Ocorre de modo espontâneo ou secundário a eventos externos, como febre, distúrbios hidroeletrolíticos (perda de líquidos e eletrólitos pelo organismo) ou mesmo um quadro de afecção que acomete o próprio sistema nervoso central (meningoencefalite, intoxicações, etc).

2) O QUE É CONVULSÃO?

É uma crise epiléptica com manifestações motoras do organismo, tais como contrações musculares, revirar de olhos, torção do pescoço para o mesmo lado de forma rítmica e repetida, perda do tônus muscular com quedas ao solo, etc.

Habitualmente há perda simultânea da consciência.


3) O QUE É CRISE CONVULSIVA FEBRIL?

Convulsão febril (CF) ocorre na infância, geralmente entre os 3 meses e 5 anos de idade, associada à febre, na ausência de infecção intracraniana ou de outra causa neurológica definida, excluindo-se as crianças que tenham tido previamente convulsões afebris.

Crise convulsiva febril não deve ser confundida com epilepsia, que se caracteriza por crises epilépticas afebris recorrentes.

4) QUAIS OS TIPOS DE CRISES CONVULSIVAS FEBRIS?

Podem ser de dois tipos:

1) simples (uma única crise com contrações generalizadas com duração geralmente ao redor de 5 minutos – (o que é uma eternidade para os pais)!). Oitenta por cento das crises febris são desse tipo;

2) complexa ou complicada (crises com contrações localizadas e/ou com duração maior que 15 minutos e/ou se recorrer em menos de 24 horas e/ou com manifestações neurológicas pós-crises)


5) A CRISE CONVULSIVA FEBRIL É MUITO FREQUENTE?

A incidência varia de 1 a 4%, dependendo do estudo. O único levantamento feito na América do Sul foi realizado no Chile, e apontou a incidência de 4%, valor que mais se aproxima de nossa realidade.

6) POR QUE AS CRIANÇAS TÊM CRISES CONVULSIVAS DURANTE A FEBRE?

O cérebro da criança está em desenvolvimento, e tem um baixo limiar das células do córtex para desencadear estímulos elétricos anormais, que serão transmitidos ao corpo, levando às contrações musculares.

A criança nessa faixa etária é muito susceptível a infecções e tem propensão para desenvolver febre alta que, quando aliada a uma predisposição genética, facilitam o desenvolvimento das crises convulsivas.

Acredita-se que o rápido aumento da temperatura seja um fator desencadeante da crise convulsiva, mas até hoje não está claro se isso é mais importante do que a alta temperatura atingida.


7) DEVE-SE FAZER PUNÇÃO LOMBAR EM CRIANÇAS COM CRISE CONVULSIVA FEBRIL?

Essa decisão é do pediatra que atende a criança, utilizando critérios bem definidos pela literatura médica.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que, após a ocorrência da primeira crise com febre em lactentes abaixo de 12 meses, a realização da punção lombar para afastar a possibilidade de meningite deve ser fortemente considerada e, em uma criança entre 12 e 18 meses, a indicação, apesar de não ser tão forte, ainda assim deve ser considerada.

Acima de 18 meses, a punção lombar é recomendada na presença de sinais e sintomas meníngeos (febre, vômitos, rigidez de nuca, abaulamento da fontanela anterior), ou quando existe suspeita clínica de infecção intracraniana.


8) CRISE CONVULSIVA FEBRIL TRAZ DEFICIÊNCIA MENTAL OU EPILEPSIA?

A crise convulsiva febril é entidade de caráter benigno. Nenhum óbito até hoje foi atribuído à convulsão febril de per si. A crise convulsiva febril benigna não se associa a déficits intelectuais, bem como a seqüelas motoras.

A chance de epilepsia na população que apresenta crise convulsiva febril é um pouco maior que a esperada para a população em geral, ficando ao redor de 2 a 7% em acompanhamento em longo prazo.

Para as crianças que tiveram as três características de crise complexa (crise focal, prolongada e recorrente em 24 horas), o risco foi de 49%.

9) QUAL A CHANCE DE RECORRÊNCIA DA CRISE CONVULSIVA FEBRIL?

Setenta por cento das crianças terão apenas uma crise, 20% delas terão duas crises, e apenas 10% terão chance de ter várias crises convulsivas febris.

Quais são as crianças que terão chance de ter várias crises?

Aquelas de idade inferior a 18 meses (1 ano e 6 meses), historia familiar de crise convulsiva febril e duração da febre menor do que uma hora antes da primeira crise convulsiva febril.


10) TRATAMENTO PROFILÁTICO: A QUEM INSTITUIR E QUAL A MELHOR MEDICAÇÃO?


Muitos autores acreditam que não se precisa considerar a necessidade de tratamento profilático para crise convulsiva febril.

Entretanto, entre os que consideram que devem ser tratadas apenas as crianças com fator preditivo para recorrência, aparece a dúvida de qual seria a melhor escolha terapêutica: a profilaxia contínua com fenobarbital e valproato, ou a intermitente com benzodiazepínicos.

A profilaxia com fenobarbital apresenta efeitos colaterais inconvenientes, que ocorrem em até 60% dos usuários, tais como hiperatividade, irritabilidade, distúrbio do sono e aparente risco de decréscimo do quociente de inteligência (QI).

O valproato apresenta risco de hepatite fulminante, efeito colateral raro, mas que limita o seu uso particularmente em crianças pequenas, principalmente numa entidade tão benigna como crise convulsiva febril. Além disso, o valproato poderá causar intolerância gástrica, ganho de peso e queda de cabelo.

Atualmente só há uma condição clara para indicar a profilaxia contínua. Isso ocorre quando a elevação da temperatura é tão rápida que a mãe ou cuidador não conseguem notar o surgimento da febre, e esta é detectada após a ocorrência da convulsão.

Nesses casos, que felizmente não são freqüentes, a rápida elevação da temperatura dificulta o uso de uma medicação intermitente, cuja administração depende da detecção do início do quadro febril.


11) CONCLUSÃO


A melhor profilaxia atualmente indicada é o uso de medicamentos anticonvulsivantes somente nos períodos de febre da criança que já teve uma primeira crise convulsiva febril e tem os critérios indicados acima para maior chance de recorrência.

Os medicamentos utilizados são os benzodiazepínicos (diazepam ou clobazam), que devem ser iniciados assim que a criança iniciar uma doença febril aguda, devendo ser utilizados de 12/12 horas, e por até 24 horas até ter cessado a febre. Geralmente esse período é de 5 a 7 dias.

Essa conduta será utilizada até uma idade em que a probabilidade de ter convulsão pela febre é mínima ou inexistente.

As doses serão indicadas pelo pediatra ou neurologista que esteja acompanhando a criança. É claro que todos os cuidados habituais com uma criança febril deverão ser tomados, como o uso normal de antitérmicos e outras medidas cabíveis indicadas pelo pediatra.

Fontes: Suplemento do Jormal de Pediatria – Neurologia Infantil - JPED – Sociedade Brasileira de Pediatria.


Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à Adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)

Infecção de garganta: vilã das doenças febris agudas na infância





Os pais desejam uma explicação rápida para a febre em seus filhos.

Maus presságios rondam a casa onde há uma criança febril.

A febre traz más lembranças. Recordações de doenças graves que acometeram conhecidos ou amigos de conhecidos em alguma época.

As noites são mal dormidas por todos. A criança febril, inquieta, insone, solicita a presença dos pais como Anjos da Guarda. E esses de pronto atendem ao chamado daquele rostinho sempre alegre agora triste e com respiração ofegante, nariz obstruído, pedindo socorro.

Tudo fica pior à noite. O medo aumenta. Com ele vem o pavor da convulsão febril, tão mais eminente quanto maior a temperatura corporal na mente apreensiva e febril dos pais.

Com essa tensão toda, com esse desejo de saber logo a causa da febre, procura-se (e acaba achando) alguém que olhe para a garganta da criança. Estando avermelhada logo se faz o diagnóstico tão esperado. Infecção de garganta. Para alívio de todos. Ufa! Graças a Deus! É a garganta! É só dar um antibiótico e pronto...

Principalmente se a criança for levada a uma farmácia ou a um Pronto Atendimento. Aqui, pelas próprias características tumultuadas de atendimento, com profissionais sobrecarregados cuidando de outras urgências, faz-se logo o diagnóstico de amigdalite causadora da febre, prescrevendo um antibiótico para aliviar a tensão de todos.

Dos próprios médicos e familiares, ficando livres do problema apresentado, qual seja, o de uma criança com um quadro febril agudo a esclarecer.

Nas farmácias tornou-se corriqueiro qualquer atendente abrir a boca da criança e vendo-a avermelhada passar o primeiro antibiótico da prateleira. Como se fosse vender uma lata de leite ou um produto de beleza.

E lá se vão os pais, satisfeitos, empurrando goela abaixo o medicamento fornecido, sem a mínima noção de efeitos colaterais, sem nem ao menos se perguntarem se a conduta tomada é realmente correta, se é a melhor para seus filhos.

Querem mesmo é ficar livre da febre, esse mal agouro que acometeu seu filho, acompanhando-o como se fosse uma sombra. Resolver o problema. Acabar logo com isso.

A criança normal costuma apresentar vários episódios respiratórios infecciosos, especialmente nos primeiros anos de vida, autolimitados, benignos, de curta duração, de localização variável na árvore respiratória e sem prejuízo do seu processo de crescimento e desenvolvimento.

Alguns fatores de risco deverão sempre ser analisados quando estamos diante de uma criança com possível quadro de infecção de vias aéreas superiores (IVAS), dentre elas, a amigdalite.

A idade é o principal. Vários agentes etiológicos poderão acometer as amígdalas, causando dor, mal estar, febre, dificuldade de deglutição. Vírus. Bactérias. Doenças alérgicas. Doenças hematológicas.Fenômenos irritativos e outros.

Portanto, nem toda alteração das amígdalas, com vermelhidão, significa infecção e deva ser usado antibiótico.

Os vírus são os agentes causais mais importantes, mesmo quando se detecta secreção purulenta nas amígdalas, sendo isolados em cerca de 80% dos casos.

As infecções bacterianas são responsáveis por 15 a 20% e na quase totalidade (90%), causada por uma bactéria chamada estreptococo beta-hemolítico do grupo A.

Nas infecções de garganta que ocorrem abaixo de dois anos de idade, somente 4% são pelo estreptococo, enquanto entre os cinco e oito anos de idade essa proporção sobe para 50%.

Somente o médico, e dentre eles o pediatra com maior e melhor treinamento para tal, tem habilidade técnica para saber distinguir a probabilidade d`quela criança, naquela circunstância, estar com amigdalite viral ou bacteriana, instituindo o tratamento adequado. Nenhum outro.

Nas infecções de garganta de repetição (e esse é um conceito difícil de se estabelecer na prática clínica) alguns fatores de risco deverão ser questionados:

1) Ambiente físico na casa e na escola.

2) Número de pessoas por metro quadrado.

3) Presença de crianças com idade inferior a cinco anos.

4) Condição de ventilação e insolação.

5) Presença de umidade e mofo. Fumantes.

6) Presença de outros tipos de poluentes no meio ambiente.

7) Abandono do aleitamento materno.

8) Mães muito jovens e com baixo nível de escolaridade.

9) História alimentar, principalmente se deficiente em vitaminas A e D; etc.



Ao se lidar com o humano não é tão simples estabelecer a relação de causa e efeito.

Não é tão simples olhar a garganta de uma criança, deduzir que a vermelhidão é causada por uma infecção, supor que aquela infecção é causada por uma bactéria, e daí usar antibiótico. Com gente a coisa é diferente... A criança merece ser mais bem cuidada, melhor conhecida.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Diarréia: um problema frequente na infância





O QUE É DIARRÉIA?

A diarréia, ou fezes freqüentes e líquidas, é a forma do corpo se livrar de toxinas e substâncias estranhas. A maioria dos casos de diarréia simples não deve ser controlada muito rapidamente.

Talvez seja mais saudável deixar que o corpo do seu filho se desintoxique, sem deixar de fornecer-lhe a quantidade adequada de líquidos.

Há muitos microorganismos que podem causar diarréia, inclusive vírus, bactérias, fungos e protozoários. Seu filho pode contrair vírus, bactérias ou protozoários de outras crianças ou de água e alimentos contaminados.

A intoxicação alimentar provoca diarréia rapidamente. Uma alergia ao leite ou sensibilidade alimentar, que pode aparecer com a introdução de novos alimentos, também pode causar diarréia.

As causas menos comuns da diarréia são reações a medicamentos, inflamação intestinal, hepatite, fibrose cística e pancreatite. Uma deformidade anatômica, como uma fístula, ou um defeito congênito, como a doença de Hirschsprung ou a síndrome do intestino curto, também podem causar diarréia.

Se a diarréia do seu filho for decorrente de qualquer um desses problemas, ele precisará de cuidado médico.

A maioria dos casos de diarréia simples é causada por vírus. Os vírus invadem o trato intestinal da criança, causando irritação e inflamação das paredes intestinais. Os vírus também induzem as células que revestem os intestinos a secretarem líquidos.

O aumento do volume de líquido, por sua vez, aumenta a peristalse, contrações "em ondas" dos intestinos. O resultado é cólica e fezes soltas, líquidas e freqüentes, características da diarréia.

O vômito e a dor de barriga muitas vezes acompanham a diarréia e as cólicas abdominais geralmente vêm e vão, ocorrendo muitas vezes antes da evacuação.

Dependendo da causa da diarréia, pode haver ou não febre.

Quando a criança está com diarréia, a desidratação é sempre uma preocupação séria, principalmente se a temperatura ambiente estiver elevada. Nos primeiros dois ou três meses de vida, a criança pode ficar desidratada rapidamente;

Portanto, se seu recém-nascido tiver diarréia, ligue para seu médico, ou procure o serviço de saúde mais próximo.

Observe seu filho entre os episódios de diarréia para ter uma idéia do seu estado. Se ele estiver alerta e não tiver cólica entre os episódios, pode partir tranqüilamente do princípio de que seu corpo tem a situação sob controle.

Se seu filho parecer fraco e a cólica não desaparecer entre os episódios, ligue para seu médico, ou procure o serviço de saúde mais próximo.

TRATAMENTO CONVENCIONAL


Para evitar desidratação, fórmulas orais com eletrólitos são normalmente recomendadas para crianças com diarréia.

A loperamida é o antidiarréico mais usado e atualmente pode ser comprado sem receita médica. Desacelera o movimento dos músculos intestinais.

Observação: Não dê loperamida ao seu filho se ele tiver febre superior a 38 graus ou sangue nas fezes. Essa droga não é recomendada para crianças com menos de doze anos.

O caolim-pectina, uma droga vendida sem receita médica, faz com que substâncias nos intestinos se liguem ao excesso de água, conseqüentemente solidificando e secando as fezes diarréicas. Isso faz parecer que seu filho está tendo menos diarréia e fezes mais consistentes; porém, na verdade, ainda está perdendo a mesma quantidade de água que perderia se não estivesse sendo tratado.

O quadro é diferente. Os medicamentos com caolim dão uma falsa idéia de tranqüilidade. Não devem ser usados sem indicação do seu médico.

Os antibióticos podem ser úteis, mas apenas se a diarréia do seu filho foi causada por um parasita ou uma infecção bacteriana. Devem ser receitados apenas após um exame de fezes ou cultura que confirme a presença de parasitas ou bactérias, pelo médico assistente de seus filho.

Os antidiarréicos que contêm opiáceos não são recomendados para crianças. Como a loperamida, essas drogas desaceleram a ação intestinal e cessam a motilidade intestinal. Mas são drogas poderosas, que contêm narcóticos, e não são necessariamente seguras.

DIRETRIZES ALIMENTARES NA DIARREIA


Sua principal preocupação ao cuidar de uma criança com diarréia é evitar a desidratação. Durante a fase aguda da diarréia, quando as fezes são freqüentes e líquidas, garanta que seu filho esteja tomando bastante líquido. Dê-lhe goles pequenos e freqüentes de água. Para evitar o vômito, não lhe dê um copo grande de água de uma só vez.

A fim de que o intestino tenha um tempo para acomodar-se e curar-se, evite dar ao seu filho laticínios durante um episódio de diarréia e nas duas semanas subseqüentes ao desaparecimento da diarréia.

Se estiver amamentado seu filho, continue. O leite materno não ocasiona nem exacerba a diarréia.

Na verdade, uma dieta que compreenda apenas leite materno e água, muitas vezes, pode ajudar a resolvê-la. A lactante também pode tentar incluir na sua dieta um suplemento de Lactobacillus acidophilus ou bifidus. As crianças geralmente não querem comer muito quando estão com diarréia aguda.

Ofereça líquidos claros, como caldo de galinha, suco de maçã diluído e chá de ervas.

Evite encher o estômago do seu filho, para que seu estômago e seus intestinos tenham tempo para descansar e recuperar-se. Não espere que se recupere da noite para o dia.

Quando seu filho começar a se sentir melhor, ofereça-lhe uma dieta simples para que o trato digestivo possa processar e absorver os nutrientes com facilidade. Escolha alimentos familiares, facilmente digeridos e absorvidos, como papa de arroz, banana, cereais secos, cream crackers, torrada, purê de batata (sem manteiga), legumes bem cozidos e grãos.

Elimine alimentos de difícil digestão. As proteínas devem ser evitadas durante cerca de 48 horas. As gorduras devem ser eliminadas da dieta durante qualquer enfermidade. São difíceis de digerir até mesmo quando o corpo está saudável, e o trato intestinal debilitado dificulta ainda mais a digestão. As gorduras não-digeridas contribuem à toxicidade do ambiente interno.

Elimine açúcares refinados, principalmente se a dieta do seu filho for de origem bacteriana. As bactérias se proliferam em presença de açúcar. O açúcar também aumenta a acidez do corpo. Um ambiente interno excessivamente ácido retarda a recuperação.


SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS


Os Lactobacillus acidophilus e bifidus recuperam a flora intestinal saudável e são úteis para resolver a diarréia. Dê à criança com diarréia uma cápsula de lactobacilos, duas vezes ao dia, durante cinco dias.


RECOMENDAÇÕES GERAIS


Certifique-se de que seu filho esteja tomando a quantidade adequada de líquidos. Quando um corpo pequeno perde líquido com a rapidez que perde quando está com diarréia, a desidratação é uma preocupação muito séria. Se estiver intranqüilo quanto à melhora do seu filho, não hesite em consultar seu médico.

Se seu filho tiver episódios repetidos de diarréia, descanse o trato gastrointestinal ao máximo. Para evitar desidratação, dê-lhe goles pequenos e freqüentes de água, sopas ou sucos de frutas diluídos. Ofereça-lhes SORO ORAL com frequência.

Faça uma água de arroz ou cevada. Ferva ½ xícara de arroz integral ou cevada em 1 litro de água mineral. Depois que o arroz ou a cevada estiver cozido, peneire e faça com que seu filho tome pequenos goles. Esse caldo nutritivo é amplamente usado no mundo todo.

Se seu filho estiver vomitando, além de ter diarréia, até mesmo um pequeno gole de água pode causar uma outra indisposição. Se o vômito ocorrer após a criança beber água, espere uma hora e ofereça-lhe pequena raspa de gelo. Se o reflexo de vômito não for acionado pelo gelo, após uma hora de calma, ofereça-lhe mais raspas de gelo ou pequenos goles de água.

Não ofereça ao seu filho comida até que ele demonstre estar pronto para comer. Se seu filho estiver com fome, dê-lhe apenas alimento simples e facilmente digerido.

Dê ao seu filho um suplemento de Lactobacillus acidophilus ou bifidus.


PREVENÇÃO DA DIARREIA


Para evitar que bactérias e substâncias estranhas invadam o organismo do seu filho, ensine-o a lavar as mãos adequadamente após ir ao banheiro e antes de comer.

Procure eliminar qualquer alergia ou sensibilidade alimentar que possa causar a diarréia. Dentre os alérgenos comuns encontram-se frutas cítricas, trigo, açúcar e laticínios.

Se seu filho tiver acessos repetidos de diarréia, pode ter intolerância à lactose. A absorção da lactose, ou açúcar do leite, depende da presença da enzima lactase. A maioria dos bebês tem quantidades adequadas dessa enzima, mas as crianças mais velhas e os adultos muitas vezes não produzem o suficiente para processar a lactose. Como resultado, sofrem de diarréia, gases, leve dor de cabeça e indigestão.

Cerca de 33 milhões de norte-americanos têm intolerância à lactose. O tratamento mais eficaz para esse problema é limitar o consumo de leite e laticínios, bem como produtos alimentícios processados que contenham lactose.


QUANDO CONSULTAR O MÉDICO SOBRE A DIARRÉIA?


Nos recém-nascidos, a diarréia é assinalada por um aumento nas fezes, fezes anormalmente soltas ou líquidas, fezes amareladas ou esverdeadas ou fezes com mau cheiro. Consulte sempre seu médico quando o recém-nascido tiver diarréia.

Se seu filho tiver dor de barriga forte ou persistente com diarréia ou apresentar sangue nas fezes, ligue para seu médico imediatamente.

Se seu filho tiver um caso de diarréia que dure mais de 48 horas ou diarréia intermitente que vem e vai em um período de duas semanas ou mais, consulte seu médico.

O vômito que acompanha os distúrbios gastrointestinais não deve durar mais de 24 horas. Ligue para seu médico se seu filho tiver diarréia com vômito durante mais de 24 horas.



Essas recomendações foram transcritas do site da Sociedade Mineira de Pediatria – www.smp.com.br

Dor de ouvido: desespero de pais e filhos










A INTERPRETAÇÃO DA DOR


Qual a dor que dói mais?

De dente, as dores do parto, a de cotovelo, ou de ouvido?

Há um medidor de dor?

Ou a comunicação da intensidade de uma dor depende da sensibilidade individual, das experiências prévias que a criança já teve, do ambiente emocional ao redor, da hora do dia (tudo piora à noite...) e das experiências dos pais com dores semelhantes?

Cada um escuta sua dor com seus mecanismos únicos de seres individuais. Nenhuma dor é igual à outra.

O Ser Humano é o único que tem consciência de sua dor, isto é, é o único que sabe qual o tamanho que sua dor pode ter.

Se já existiram experiências prévias com a mesma dor o desespero aumenta. Instala-se o medo da dor, que muitas vezes é maior do que a própria. Haja vista o medo que a maioria das pessoas têm da cadeira de um dentista... Aquele motorzinho...

Na infância os pais são porta-vozes das dores de seus filhos. São seus guardiões. Eles interpretam e comunicam ao profissional de saúde segundo as cores que eles mesmos pintam da dor. A dor do filho que dói neles. Se pudessem, sentiriam as dores para eles.

Assim, dependendo da ansiedade e preocupação dos pais a intensidade da dor em seus filhos será maior do que realmente é. Muitas vezes os pais estão desesperados e a criança também se desespera. Não pela dor. Mas pelo ambiente emocional instalado, de apreensão e medo.

Doutras feitas os pais atribuem ao ouvido qualquer choro exagerado em recém-nascidos e lactentes...

É o ouvido! Choram com cólicas. É o ouvido. Choram de fome. É o ouvido. Choram por falta de aconchego. É o ouvido. E lá se vão gotas para pingar, emplastos para colocar na orelha, até analgésicos para pingar e aliviar a suposta dor... Tudo passa a ser o ouvido.

Só ouvem esse significado único: o ouvido que dói.

A INFECÇÃO - OTITE

A Infecção do ouvido ocorre principalmente em crianças menores de três anos, por motivos anatômicos, imunológicos e fisiológicos.

O canal muscular (tuba auditiva - vide figua acima) que liga o ouvido à garganta é mais estreito e mais horizontal do que em crianças maiores, facilitando a regurgitação de substâncias para o ouvido médio.

O sistema imunológico é imaturo, contribuindo para as infecções. As viroses de vias aéreas superiores são mais frequentes, precedendo as infecções bacterianas.

Os pais costumam apertar a região externa do ouvido para verificar se a criança está mesmo com dor. A interpretação dessa manobra é muito duvidosa, além do que inúmeras crianças com otite não apresentam qualquer sinal de dor. Por isso mesmo esse procedimento deve ser desestimulado.

Além disso, os pais sempre associam infecção do ouvido com febre, quando na verdade não raramente vemos otite sem febre.

O QUE FAZER

Somente o médico está habilitado para fazer o diagnóstico correto de infecção do ouvido. Nenhum outro profissional.

O que os pais podem fazer quando suspeitam de infecção de ouvido em seus filhos é tomar medidas que aliviam a dor até o pediatra examinar.

Colocar uma compressa seca e morna sobre o ouvido suspeito ajuda a aliviar a dor. (Morna! Não tão quente, do tamanho da ansiedade do momento, a ponto de deixar a orelha vermelha com queimaduras de primeiro grau!).

O uso de analgésicos comuns também está justificado. Analgésicos para tomar e não para pingar no ouvido! Não se deve pingar nada sem orientação médica. Essa conduta mais atrapalha do que ajuda no diagnóstico da otite.

Portanto, ouça uma boa dica: nem todo choro é dor. Nem toda dor é dor de ouvido.

Na dúvida, leve seu filho ao pediatra.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Meningite: como prevenir?





O QUE É MENINGITE?

Vários órgãos internos do corpo humano são envolvidos por membranas. O coração pelo pericárdio. Quando inflamado recebe o nome de pericardite. Os pulmões pela pleura. Quando inflamam recebem o nome de pleurite. Os órgãos do abdomem são recobertos pelo peritônio. Quando inflamado recebe o nome de peritonite.

A terminação ite, em medicina, quer dizer um processo inflamatório (sem a presença de um agente causal, seja bactéria ou vírus, ou outros) e/ou infeccioso associado (onde há presença do agente causal, qualquer um dos citados). Exemplos: amigdalite (quando as amígdalas estão inflamadas e/ou com Infecção associada), hepatites (o fígado), apendicite (o apêndice), etc.

Meninges são membranas que envolvem o sistema nervoso central. O cérebro. Assim, quando inflamadas , recebem o nome de meningite.

AS REPERCUSSÕES DA DOENÇA

O próprio som da palavra meningite gera medo. Lembra um prognóstico sombrio. Lembra a morte. As pessoas ficam com o semblante sério, expressando medo e tristeza.

Meningite lembra também algo que pega, e rápido. Outros poderão ser afetados. É sinônimo de correrias de mães até as escolas (e das crianças dessas), aos postos de saúde, aos consultórios. É sinônimo também de divulgação nas primeiras páginas da imprensa.

As epidemias que cravaram o país em recente passado estão em nosso inconsciente popular. A tal da meningococcemia. O que é isso?

AS CAUSAS

O que causa meningite? Qual sua frequência esperada em determinada população? Há maior incidência em certas épocas do ano? Existem algumas pessoas que são mais susceptíveis a ter meningite em relação a outras?

Há como prevenir um surto?

Realmente é uma doença grave a ponto de justificar o adágio popular de que quando não mata aleija? E quando já acontecer um caso na escola, ou na creche, o que fazer? Como prevenir os contatos? Deve-se vacinar as crianças mesmo fora da época de surtos?

Qualquer agente etiológico (vírus, bactéria, fungos, outros parasitas) pode, a princípio, atingir as meninges e causar meningite. No entanto, na infância, alguns agentes predominam. Entre eles, os vírus e as bactérias.

O vírus do caxumba, por exemplo, é um dos mais frequentes agentes de meningite. Entre as bactérias predominam o Haemophilus , o pneumococo e o meningococo (causador da temível meningococcemia).

Esses agentes habitualmente atingem as meninges através da corrente sanguínea, a partir de Infecções banais das vias aéreas superiores.

A meningite bacteriana continua sendo, ainda nos tempos atuais, uma das mais temidas dentre as Infecções agudas da infância.

Noventa por cento dos casos ocorrem em crianças entre as idades de um mês e cinco anos; sendo que os lactentes com idade entre seis e doze meses os de maior risco.

As taxas de letalidade e mortalidade mantém-se inalteradas nos últimos anos, apesar do uso de potentes antimicrobianos. Portanto, é uma doença grave. Uma emergência médica. A meningite bacteriana não diagnosticada e não tratada é tão fatal atualmente quanto na era pré-antibiótica.

A TRANSMISSÃO

A transmissão ocorre através do contato direto com gotículas respiratórias. Nos meses mais frios do ano ocorre um aumento da incidência da doença, provavelmente pelo confinamento maior da população (as pessoas ficam mais próximas umas das outras) e pelo maior número de doenças respiratórias que facilitam a transmissão.

AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

As manifestações clínicas apresentadas pela criança com meningite são diferentes conforme a idade. Dor de cabeça, vômitos, febre e confusão mental são característicos nas crianças maiores.

Nos recém-nascidos e lactentes os sinais e sintomas são inespecíficos, podendo aparecer também em outras doenças. A suspeita clínica por parte do profissional que atende a criança é de fundamental importância.

COMO PREVENIR

A arma mais potente contra os principais agentes causadores das meningites é a prevenção pelas vacinas. As vacinas deverão ser dadas a partir dos 2 meses de idade, e não se deve esperar surtos para vacinar as crianças.

Quando houver algum caso em escolas ou creches cada situação deverá ser analisada pelo médico no intuito de usar ou não medicamentos nos contatos. Nessas situações não se deve usar vacinas e sim medicamentos.

As vacinas são distribuídas na Rede Pública e também estão distribuídas na Rede Privada (consultórios e clínicas)


PROGNÓSTICO


Os fatores que contribuem para um melhor prognóstico, sem seqüelas na criança afetada são: idade, estado nutricional e vacinal prévio, precocidade do diagnóstico e instituição rápida dos medicamentos necessários.

Portanto, nem todas crianças que tiveram a doença terão seqüelas como surdez, paralisia cerebral ou déficit intelectual. É uma doença muito grave. Porém,  se tratada a tempo, há grandes chances de um bom prognóstico.


Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)

Ética para adolescentes: uma luz na escuridão





Que mundo vocês, os adolescentes, herdarão de nós, os adultos? O escarrado pela mídia, ávida por más notícias, tal qual urubu sobrevoando carniça, onde perdura a mentira como valor de troca e a corrupção como meio de vida? Que mundo é esse repetidamente mostrado até a exaustão? Virou norma passar o outro para trás numa boa sem maiores conseqüências?

Quem é esse outro? É meu pai, minha mãe, meu irmão, meus amigos, o outro. Aquele que não sou eu. Aquele que me dá referências de mim. Ele é importante? Ou o mundo é um mero prolongamento do nosso umbigo para o qual todos os olhares devem se voltar?

Uma regra de ouro na convivência humana é saber se colocar no lugar do outro. Fazer a ele o que desejo que ele me faça. É ético, valoroso, dá substância nas relações humanas.

O que é Ética? Artigo fora de moda? Algo teórico inventado por civilizações antigas só para incomodar? Assunto para passar o tempo entre filósofos?

Ética,  afinal de contas, o que vem a ser isso...

Ética é a arte de viver bem, cuja finalidade não é fabricar cidadãos bem-pensantes (muito menos mal pensados). Mas estimular o desenvolvimento de livres-pensadores, dos que têm na busca da verdade um instrumento para se construir seres livres.

A liberdade não é uma filosofia e nem sequer uma idéia. É um movimento da consciência que nos leva, em certos momentos, a pronunciar dois monossílabos: sim ou não.

Não somos livres para escolher o que nos acontece. Termos nascidos em determinado dia, de determinados pais, num determinado país. Termos um câncer ou sermos atropelados por um carro. Sermos feios ou bonitos. Mas somos livres para responder ao que nos acontece de um ou outro modo. Obedecer ou nos rebelar. Ser prudentes ou temerários. Vingativos ou resignados. Vestir-nos na moda ou nos fantasiar de urso das cavernas.

Na realidade, existem muitas forças que limitam nossa liberdade, desde terremotos e doenças até políticos tiranos. Mas nossa liberdade também é uma força no mundo. Nossa força. Muita gente pode se perguntar: liberdade? Mas de que liberdade você está falando? Como podemos ser livres se nos fazem a cabeça através da televisão, se os governantes nos enganam e nos manipulam, se os terroristas nos ameaçam, se as drogas nos escravizam e, se, além de tudo, não tenho dinheiro para comprar uma moto, que é o que eu desejaria?

Se você prestar um pouco de atenção, verá que aqueles que falam assim parecem estar se queixando. Na verdade, estão muito satisfeitos por saber que não são livres. No fundo, eles pensam: Ufa! Que pesos tiram de cima de nós! Como não somos livres, não podemos ter a culpa de nada que nos aconteça.

Ser ético é construir nossa liberdade. É desejar conviver entre seres livres.

COMO SE CONSTRÓI A LIBERDADE?

Um bom instrumento para se construir e manter nossa liberdade é ter a busca da verdade como norma. A verdade nos fará seres livres, diz a promessa evangélica. A mentira nos aprisiona.

Uma grande parte dos males desse mundo, aqueles que são em princípio evitados porque dependem das condutas humanas e não da estrutura da realidade, procedem das más relações com a verdade. Alguns podem chegar a ter aversão a ela, que passa a ser considerada como um inimigo que deverá ser evitado ou destruído.

A liberdade é uma conseqüência da verdade, de seu descobrimento e aceitação.

Ser ético é ter a procura da verdade como norma nas convivências humanas.

Ao contrário de outros seres, animados ou inanimados, nós homens podemos inventar e escolher, em parte, nossa forma de vida. Podemos optar pelo que nos parece bom, ou seja, conveniente para nós, em oposição ao que nos parece mal e inconveniente. Como podemos inventar e escolher, nós podemos enganar, a nós e aos outros. O que não acontece com os cachorros, com as abelhas ou os castores.

De modo que parece prudente atentarmos bem para o que fazemos, para o exercício da nossa liberdade, procurando adquirir um certo saber viver que nos permita acertar, não passar a perna na realidade. Não passar a perna no outro. E o que é pior, em nós mesmos.

Esse é o mais precioso legado da humanidade para os que virão. O aprendizado da arte do bem viver.

Da Ética na convivência entre seres livres. Entre pais e filhos. Entre colegas de juventude, entre amigos. Entre cidadãos. Ter o escrupuloso respeito pela verdade. Amar a liberdade.

E não ter como herança as excrescências e mentiras dos que têm como norma o domínio do mundo, a subserviência do outro, a escravidão em nome do poder.

Leituras recomendadas: Ética Para Meu Filho – Fernando Savater – Editora Martins Fontes.


Tratado sobre la convivência – Julián Marías - Concórdia sin acuerdo – Ediciones Martinez Roca

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Adolescência e acne: feiúra que ameaça a auto-imagem





Quem nunca ficou diante do espelho espremendo espinhas do rosto que levante as mãos! Quero ver se debaixo das unhas não tenha resquícios do crime. Se não tiver marcas na face certamente as terá na alma.

Êta época difícil essa! Horas e horas virando a cabeça assim e assado, contorcendo o pescoço, procurando a melhor posição para espremer as danadinhas. No banheiro, nos retrovisores dos carros, nos espelhinhos miudinhos mal equilibrados sobre os joelhos, nos salões de beleza, nas miragens de alguma água calma refletindo Narciso, ou onde quer que se possa ver a face ir melhorando a apresentação. Isto quando não se oferece o rosto, os ombros e as costas para terceiros retirarem os malditos cravos e pústulas.

Somente as crianças que ainda não chegaram na puberdade estão livres do problema. Por curto tempo. Ao se vislumbrar a adolescência ver-se-á no horizonte as elevações avermelhadas espetando a imagem de cada um. Maculando o narcisismo insuflado desse período da vida, revelando a feiúra que se quer ver escondida.

Adolescência é sinônimo de acne. Espinhas mesmo. O nome é bem dado. Algo que espeta, machuca, fere, atrapalha, incomoda, dificulta namorar, ficar, conquistar alguém. Não tem jeito de esconder. Tá na cara.

A acne vulgar acomete oitenta a noventa por cento dos adolescentes em algum grau. A maior incidência ocorre entre os quatorze e dezesseis anos no sexo feminino e entre os dezesseis e dezenove no sexo masculino. É a expressão clínica de vários genes, parecendo existir uma tendência familiar, repetindo-se em gêmeos idênticos.

Não há cura estabelecida para esse problema, podendo ser diminuído seu impacto na vida do adolescente com abordagem adequada. As lesões e as cicatrizes não são só físicas, mas também psicológicas. O acometimento da imagem corporal afeta a auto-estima, torna as pessoas inseguras, pouco aceitas e infelizes, tendo influência na vida social, no desempenho escolar e, eventualmente, nas dificuldades de arrumar empregos, agravos muito importantes na adolescência.

Noventa por cento dos casos de acne podem e devem ser tratados por médicos não especialistas de pele, reservando-se os casos mais graves para esses últimos.

Embora as causas precisas da acne ainda não estejam bem estabelecidas, alguns fatores já são conhecidos e ajudam na abordagem do problema. Sabe-se que há possível predisposição genética, fatores relacionados com os hormônios, crescimento de bactérias nas glândulas sebáceas e resposta inflamatória da pessoa acometida.

Exposição excessiva a cosméticos deixam obstruídos os poros de drenagem das glândulas, piorando ao invés de ajudar. Calor excessivo, mudança de estações do ano e ocupação profissional têm influências no surgimento das lesões. A acne é resultante da estimulação das glândulas sebáceas pelos hormônios androgênicos, aumentando a produção de sebo (mistura de triglicerideos, ésteres gordurosos e esteróides.)

Não se trata de um desequilíbrio hormonal. É um fenômeno fisiológico que para alguns indivíduos faz surgir a acne. Fatores relacionados ao estresse estão frequentemente envolvidos na piora. Tensões emocionais, falta de sono e menstruação são alguns exemplos de fatores que pioram. Os cremes de limpeza, quando utilizados em excesso, podem obstruir mecanicamente os poros glandulares, piorando as marcas na face.

Há uma série de mitos relacionados à acne. Sempre aparecem conselhos com a intenção de ajudar. Uma lista de proibições alimentares apenas frusta o adolescente. Estudos recentes, bem controlados, mostram que as restrições de chocolates, coca-cola, sorvetes, alimentos gordurosos, temperos, etc., são de pouca valia e não se justificam. Cada caso deve ser cuidadosamente analisado para que restrições incorretas não causem prejuízos, principalmente para o adolescente em fase de crescimento que necessita de oferta nutricional adequada às suas necessidades.

O uso compulsivo de lavagem do rosto, ou outros locais afetados, pode levar a irritações de pele sem ser benéfico para controle de diminuição de acne, uma vez que a remoção da camada de lípides superficiais não tem efeito sobre as lesões.

A acne é classificada em quatro graus. Cabe ao médico a classificação das lesões, instituindo o tratamento mais adequado. Procurar tratamentos alternativos podem ter como consequência o surgimento de sequelas graves na vida atual e futura do adolescente. Não deixe que “pessoas entendidas do assunto”, não médicas, prescrevam medicamentos para uso tópico ou sistêmico, principalmente antibióticos.

Fonte: Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Alergia alimentar










Esse menino teve convolução porque misturou manga com leite, doutor. Eu falei pra ele, mas não adiantou nada. É muito teimoso. O povo de hoje não acredita em nada que o povo antigo fala.

Minha mãe...  E aí a avó discorre sobre o que sua mãe falava e ensinava a respeito dos alimentos.

Será verdade que não se pode misturar manga com leite, ou ovo com outras frutas, ou abacaxi com isso, com aquilo; onde está a verdade? Essa mistura causa alergia alimentar?

A CRENÇA DOS FAMILIARES

Uma pessoa ingere, durante toda sua vida, cerca de duas a três toneladas de alimentos! Não causa surpresa o fato de muitas doenças serem associadas, indevidamente, aos alimentos.

Na maioria das vezes existe uma simples coincidência entre o surgimento de uma doença e a proximidade da ingestão alimentar. Isso poderá levar a erro de interpretação por parte de familiares, do paciente, e até do médico.

Essas associações indevidas são transmitidas para as gerações seguintes, na pressa de compreender os fenômenos envolvidos nas doenças.

De cada três pessoas, uma acredita ser portadora de alergia alimentar; desta forma, a suposição de alergia é bem mais freqüente do que a real incidência do distúrbio.

CONSEQUÊNCIAS DESSAS CRENÇAS

O diagnóstico excessivo de alergia alimentar acarreta um custo financeiro desnecessário para a família, traz riscos de transtornos nutricionais e de possíveis danos psicológicos.

Por outro lado, deixar de identificar um paciente com verdadeira alergia alimentar significa prolongar o sofrimento do mesmo, com conseqüente repercussão nutricional e até risco de vida nos casos de reação intensa e imediata.

INTOLERÂNCIA ALIMENTAR

Não é o mesmo que alergia alimentar. Para ser alergia é necessária a comprovação, através de exames complementares, de reação imunológica por parte do organismo.

Intolerância é uma resposta fisiológica anormal, de natureza não imunológica. Isto é, o organismo não produz nenhum anticorpo contra aquele alimento em questão.

A intolerância é muito mais comum do que a alergia e pode ser causada pela presença de substâncias tóxicas, produtos químicos ou microorganismos causadores de doença presentes no alimento, resultando em sintomas clínicos.

EXEMPLOS DE INTOLERÂNCIA ALIMENTAR

Enxaqueca após liberação de uma substância química chamada tiramina existente em alguns queijos; o nervosismo após ingestão de cafeína; algumas reações na pele após a ingestão de morangos; a diarréia com mal-estar por intolerância à lactose, após ingestão do leite.

ALERGIA ALIMENTAR

É uma resposta imunológica anormal a um determinado alimento que resulta em sintomas clínicos. É necessário que o organismo produza substâncias químicas chamadas de anticorpos contra aquele alimento em questão.

A alergia alimentar é doença comum em crianças pequenas e em pessoas atópicas (que tenham asma, ou eczema atópico, ou rinite alérgica).

A prevalência é estimada em torno de 2,5% nos três primeiros anos de vida e em taxas inferiores a 1,5% nos escolares, adolescentes e adultos.


ALIMENTOS MAIS COMUNS QUE CAUSAM ALERGIA

Ovo, leite, soja e trigo são responsáveis por mais de 90% das reações alérgicas em crianças, enquanto peixe, camarão e amendoim são os alérgenos alimentares mais comuns nos adolescentes e adultos.

Vêm aumentando os relatos de alergia a frutas como kiwi e mamão, bem como a sementes de girassol, milho e canola. O chocolate, tão culpado pelas mães, não tem essa suposta importância.

O alimento que com maior freqüência causa alergia alimentar nos três primeiros anos de vida é o leite de vaca, seguido pelo ovo. O cozimento ou a fritura são, em boa parte dos casos (ovo, leite e outros) ineficazes para reduzir a alergenicidade.

DIAGNÓSTICO

O principal é uma boa historia clínica, com um diário alimentar, relacionando o aparecimento de sintomas com determinado alimento, com a finalidade de identificar a relação verdadeira entre a ingestão alimentar e o surgimento dos sintomas.

No caso de aleitamento materno exclusivo, pesquisa-se a presença de alérgenos na dieta materna.

Os aditivos e corantes não são causas comuns de alergia alimentar como se pensava até há pouco tempo.

Testes cutâneos ou outros testes diagnósticos serão pedidos pelo médico após análise cuidadosa de cada caso em particular.

PREVENÇÃO

O leite menos alergenico para os humanos é o próprio leite materno. O colostro e o leite humano ajudam a formar as barreiras imunológicas e não imunológicas do intestino.

Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade é uma excelente prevenção de alergia alimentar.

No momento atual são prioritárias as pesquisas relativas ao desenvolvimento de fórmulas com maiores reduções de alergenicidade, melhor sabor, menor custo e mais acessíveis.



Fontes: PRONAP – Programa Nacional de Atualização Pediátrica – Sociedade Brasileira de Pediatria.
              Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Asma






As...ma

Leia a palavra acima pausadamente. Como se estivesse sentindo falta de ar. Esse é o clima.

Asma rima com fant... asma. É como se uma nuvem negra pairasse constantemente sobre a cabeça da criança asmática. O adulto lembra de seus avós, tios, parentes ou vizinhos, que tossiam a noite toda, pigarreando, pedindo meias palavras emprestadas, sôfregos, não deixando ninguém dormir.

Talvez venha à lembrança a triste morte fatigada dos mesmos, como se quisessem sugar o ar do outro, subindo pelas paredes.

Teme-se a morte de quem tem asma. É só ficar perto de alguém com crise asmática que surge uma opressão no peito. Uma inquietação. Respira-se aliviado quando a situação se resolve.

Morrer por falta de ar, um produto gratuito, ricamente distribuído na natureza. Parece ironia do destino.


AFINAL, O QUE É ASMA?

É uma doença que causa inflamação crônica das vias aéreas, com brônquios mais reativos a determinados estímulos. Manifesta-se por obstrução generalizada dessas vias aéreas, reversível na grande maioria dos casos. Pode ter curso intermitente ou persistente. Há influência genética no surgimento da doença. Filhos de pais asmáticos têm maior probabilidade de serem asmáticos, iniciando em qualquer época da infância ou adolescência.

A obstrução das vias aéreas é desencadeada por diversos estímulos tais como alérgicos, irritantes do meio ambiente (fumo, cheiro forte, etc.), infecciosos, alterações climáticas, esforço físico, dentre outros.

Apesar de todo avanço da ciência médica houve um aumento tanto na incidência como na mortalidade por asma no mundo todo. Uma das causas é o desconhecimento da população a respeito da doença e da não utilização correta dos recursos disponíveis para o tratamento eficaz.

COMO SE CLASSIFICA A ASMA?


Episódica – manifesta-se através de crises isoladas com remissão total dos sintomas nos intervalos das mesmas.

Persistente - caracteriza-se pela persistência dos sintomas (secreção, tosse ou dificuldade respiratória) ou por alterações de função pulmonar nos intervalos das crises agudas.

Ainda podemos classificar a asma como leve, moderada e grave, usando como critérios o número de crises durante o ano, presença de algum sintoma no decorrer da semana, freqüência de sintomas noturnos ao mês, resposta a medicação e teste de espirometria (que mede o pico de fluxo de ar expirado pela criança).


COMO TRATAR A ASMA?


O tratamento da asma deve ser individualizado e estabelecido conforme sua gravidade e relação crise/inter crise (episódica ou persistente).

Existem outras causas de chieira em crianças menores que devem sem consideradas em seu atendimento: viroses, refluxo gastroesofágico, aspirações de corpo estranho, parasitoses, etc.

Para o sucesso do tratamento da asma é de fundamental importância a conscientização e participação da criança (dependendo de sua idade) e de sua família.


O OBJETIVO DO TRATAMENTO DA ASMA É:

· controlar completamente os sintomas, resguardando o período de sono, reduzindo as faltas escolares e permitindo crescimento normal;

· identificar e procurar diminuir ou eliminar os fatores desencadeantes;

· permitir atividade física e prática de esportes sem restrições ou limitações;

· evitar hospitalização;

· minimizar efeitos colaterais das drogas.

· não bastam medicamentos que tratem somente os sintomas. É necessário o uso de anti-inflamatórios. Asma é uma doença inflamatória.


O QUE A FAMÍLIA DEVE SABER SOBRE O TRATAMENTO DA ASMA DE SEUS FILHO?


O tratamento envolve o controle ambiental e o uso de medicamentos cada vez mais disponíveis e com menos efeitos colaterais.


1 - O CONTROLE AMBIENTAL

1) A criança deve dormir no quarto mais arejado da casa, com janela ampla, sem umidade e sem mofo, com mínimo de móveis possível. O sol deve incidir sobre o quarto pelo menos numa parte do dia;

2) Limpeza adequada de piso e móveis deve ser realizada, utilizando pano úmido bem torcido, evitando uso de produtos de limpeza de cheiro forte (ceras, desinfetantes, perfumes de ambiente). Devem ser retirar objetos que facilitem acúmulo de pó, cortinas, tapetes, almofadas, bichos de pelúcia. Não guardar objetos ou roupas de cama de uso infreqüente, ou livros;

3) Lavar (e secar bem) com freqüência, travesseiro e mosquiteiros (quando for impossível suspender seu uso). Trocar roupa de cama freqüentemente. Encapar colchão e travesseiro com plástico nos casos de difícil controle;

4) Evitar uso de medicamentos para pernilongos;

5) Outros ambientes da casa devem seguir as mesmas orientações quanto a limpeza e objetos que acumulem pó;

6) Membros da família não devem fumar;

7) Não possuir animais domésticos (cães e gatos);

8) Acaricidas elétricos (para eliminar ácaros) não têm valor.



2 - TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Dois tipos de drogas podem ser usadas:

1 - Broncodilatadoras (para tratamento da crise)

2 - Profiláticas (para tratamento intercrise – entre as crises)


Os medicamentos poderão ser usados via oral (uso em menor escala), via inalatória ( a forma mais indicada atualmente) e via venosa (em hospitalizações).

A via inalatória pode ser realizada através de:


1 - Nebulizadores - que tem restrições, pois idealmente deveriam ser utilizados em serviços de saúde acionados por fluxo adequado de oxigênio ou ar comprimido. Para uso doméstico são mais recomendados os aparelhos ultra-sônicos com adequada orientação.

2 - Aparelhos pressurizados (as famosas bombinhas) com espaçadores que otimizam a eficácia da droga, diminuindo seus efeitos colaterais. (São os mais indicados atualmente)

3 - Medicamento na forma de pó inalável.

Todo paciente deve ser bem orientado por seu médico quanto a técnica para utilização do aerossol dosificado (bombinhas) pois disto depende o sucesso de seu tratamento:


1 - Agitar o frasco e posicionar à distancia de aproximadamente 5 cm da boca ou interpor o espaçador;

2 - Realizar expiração completa (colocar todo o ar para fora);

3 - Iniciar inspiração que deve ser com fluxo lento mas profundo;

4 - Fazer pausa respiratória no final da inspiração por 10 segundos. Crianças menores podem respirar normalmente com a máscara do espaçador adaptado à sua face;

5 - Acionar uma dose do aerossol após iniciar a inspiração, sem interrompê-la.


Procure o pediatra de seu filho. Siga as orientações dos mesmos. Conheça mais a respeito da asma. Somente assim ela deixará de ser um fant... asma.


CLÍNICA INFANTO-JUVENIL PRÓ-CRESCER: DO FETO À ADOLESCÊNCIA (http://www.procrescer.med.br/)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Tratamento da dermatite atopica




MEDIDAS GERAIS

1) O banho nunca deve ser demorado, pois pode piorar o ressecamento da pele;

2) A água do banho nunca deve ser quente;

3) O uso do sabonete deve ser restringido ao mínimo;

4) A maioria dos sabonetes leva ao ressecamento da pele, mesmo os glicerinados;

5) O vestuário deve ser leve, evitando roupas de lã que podem irritar a pele;

6) Evitar vestuários que provoquem suor excessivo;

7) Tanto o frio como o calor excessivo provoca piora das lesões de pele;

8) A roupa de cama deve ser trocada A CADA DOIS DIAS para que não se acumulem partículas de pele descamada, o que pode facilitar a proliferação de ácaros (dermatofagoides);

9) Os ácaros do meio ambiente provocam piora das lesões de pele, assim como piora das doenças respiratórias alergênicas.


ALERGENOS ALIMENTARES


1) Algumas crianças com dermatite atopica pioram suas lesões de pele com a ingestão de determinados alimentos;

2) Essa possibilidade deve ser cuidadosamente verificada pelo médico, evitando restrições desnecessárias na alimentação da criança;

3) Cuidado com as dietas restritas demais, principalmente em lactentes e pré-escolares, que necessitam de uma alimentação saudável para o adequado crescimento e desenvolvimento;

4) Ao se restringir determinados alimentos poderá haver necessidade de suplementação de nutrientes, como, por exemplo, o cálcio, em dietas de exclusão de leite, para que não haja risco de desnutrição desses pacientes;

ALERGENOS AMBIENTAIS

1) Os controles de alergenos ambientais são tão importantes nas lesões de pele como no controle das doenças respiratórias;

2) O envolvimento dos travesseiros e colchões com capas protetoras de material impermeável contribuem para diminuir a quantidade de ácaros nesses objetos;

3) O contato direto com irritantes do meio ambiente deve ser evitado (fumaça de cigarros, cheiros fortes de produtos químicos utilizados na limpeza doméstica, cheiro de tintas, ceras, etc)


HIDRATAÇÃO


1) A hidratação da pele é medida essencial para o sucesso no tratamento da criança com dermatite atópica;

2) A função principal da hidratação é impedir que haja perda da umidade natural da pele, sendo mais reduzida nas crianças atópicas;

3) Os benefícios da hidratação serão alcançados se forem respeitadas algumas medidas:

a) A hidratação deve ser feita imediatamente após o banho (nos três primeiros minutos);

b) A hidratação deve ser repetida inúmeras vezes ao dia, sem restrições;

c) Os hidratantes mais oleosos, como o óleo de amêndoas ou vaselina, devem ser utilizados nos estágios mais crônicos com liquenificação da pele;

d) Hidratantes cremosos, cuja base é aquosa, devem ser aplicados nas fases agudas em que há vermelhidão e exsudação (lesões úmidas);

e) Devem ser evitados hidratantes que contenham corantes, perfumes ou soluções alcoólicas que podem irritar a pele;

f) Hidratantes sem conservantes também podem ser manipulados, apenas devendo-se considerar que sua validade fica bastante reduzida;

g) A manipulação medicamentosa pode ser útil se quer associar ao hidratante soluções antipruriginosas, como a cafeína e o alcatrão, ou mesmo corticóides tópicos em baixas concentrações;

h) Por seu uso contínuo, o sucesso da boa hidratação também dependerá do custo do medicamento.

ANTI-HISTAMÍNICOS

1) A utilização de anti-histamínicos é uma tentativa para o controle do prurido da Dermatite Atópica, mas os resultados na literatura médica são controversos;

2) A baixa resposta do prurido ao uso de anti-histamínicos pode ser justificada pela participação de outros mediadores, que também provocam coçadura;

3) Os nomes comerciais dos vários anti-histamínicos são: Polaramine, Agasten, Fenergan, Hidroxizina, Claritin, Loralerg, Loremix, Teldane, Zyrtec, Zetir, e outros;

4) Somente os médicos têm conhecimento técnico suficiente para indicar esse ou aquele anti-histamínico para cada criança específica portadora de dermatite atópica;

CORTICOIDES TOPICOS

1) O uso de corticoides tópicos na dermatite atópica é muito importante tanto por seus benefícios como pelos efeitos colaterais que podem provocar;

2) Os corticoides tópicos são precocemente indicados nas crianças nas quais as medidas gerais e de hidratação foram insuficientes para o controle do quadro clínico;

3) Os corticoides apresentam potências variadas, que resultam em efeitos colaterais diferentes, cabendo ao médico indicar qual o melhor em cada situação apresentada pela pele da criança no momento do tratamento;

4) Em lactentes e pré-escolares, a preferência recai sobre os corticoides tópicos de baixa potência, principalmente a hidrocortisona, que mesmo assim devem ser evitados no rosto e têm seu tempo de uso limitado à melhora do quadro;

5) Os corticoides de maior potência podem ser usados em áreas delimitadas, em pacientes de mais idade (a partir de pré-escolares), sempre por tempo bem definido;

6) Inúmeros efeitos colaterais têm sido descritos com o uso crônico de corticoides tópicos, desde locais, como estrias e atrofia cutânea, até efeitos sistêmicos, como inibição do crescimento relatado em crianças onde houve o uso excessivo em áreas extensas, em lactentes jovens, principalmente utilizando corticoides potentes;

7) Corticoides de potência muito elevada: Dipropionato de betametasona (Psorex);

8) Corticoides de potência elevada: Halcinonida a 0,025% (Halog); Halcinonida a 0,1% (Halog); Valerato de betametasona; Acetonida de triancinolona;

9) Corticoide de potência moderada: Valerato de hidrocortisona a 0,2% (Westcort); Desonida a 0,1% (Desonol); Furuoato de mometasona a 0,1% (Elocon);

10) Corticoide de baixa potência: hidrocortisona a 1% (Berlison, Stifcortil); Desonida a 0,05% (Desonol); Dexametasona.


TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES


1) As complicações infecciosas da pele devem ser consideradas com bastante atenção pela sua maior freqüência nas crianças portadoras de dermatite atópica;

2) Mesmo em áreas de pele sã há bactérias chamadas de Staphylococus aureus;

3) Quando há reagudização das lesões de pele com sangramento e escoriações deve-se considerar o tratamento dessa bactéria, tanto pelo uso de medicamentos tópicos quanto sistêmicos (locais e através da ingestão de medicamentos);

4) O uso de antibióticos profiláticos para evitar a colonização da pele deve ser evitado para não ocorrer o surgimento de bactérias resistentes ao uso desses antibióticos;

5) A colonização da pele por fungos também deve ser considerada e o uso de anti-fungicos locais são suficientes para a resolução da infecção.


USO DE IMUNOMODULADORES


1) Já está disponível no Brasil o uso de imunomoduladores que regulam a resposta imunológica da criança nos locais da pele lesada, com excelentes resultados em todas as faixas etárias e em todas as fases de evolução da doença;

2) Essa substância não traz os riscos de efeitos colaterais dos corticoides;

3) Seu nome comercial é Elidel Creme a 1% (pimecrolimus), que deve ser usado como uma fina camada sobre a pele lesada duas vezes ao dia, por tempo prolongado, determinado pelo médico que está acompanhando a criança portadora de dermatite atópica;

4) A desvantagem atual desse medicamento é ainda seu alto custo, inviável para as famílias de muitas crianças portadoras de dermatite atópica.

ASPECTOS PSICO-EMOCIONAIS

A abordagem da criança com dermatite atopica deverá ser a de uma criança acometida por um problema crônico, sem cura conhecida na atualidade, com o tratamento direcionado para o controle mais adequado dos sintomas. A não conscientização desse fato terá como conseqüência a frustração dos familiares e da própria criança.

Toda doença orgânica crônica causa transtornos psico-emocionais para a criança e seus familiares. A frustração diante do problema transforma a imagem corporal da criança e ela passa a ver a si mesma como um ser diferente dos demais da mesma idade. O prurido contínuo da pele muda a qualidade de sono, incomoda a criança na escola, desperta sentimentos de raiva e medo nos familiares. A criança passa a ser tímida, retraída, afastando-se do convívio social como se fosse portadora de uma doença contagiosa. O sorriso alegre característico do período infanto-juvenil passa a ser substituído por semblantes entristecidos, carregados de amargura e medo.

Portanto, os familiares têm que adquirir uma consciência do problema para uma adequada abordagem holística (global) da criança, em seus aspectos somáticos (do corpo), psico-emocionais e sociais.

Na realidade, todos nós somos seres indissociáveis, unos, e devemos ter nossos problemas abordados dentro dessa percepção abrangente, complexa, e não procurar soluções imediatistas, simplificadoras e frustrantes em seus resultados.

Fontes: 1) PEDIATRIA BÁSICA – PEDIATRIA CLÍNICA GERAL – EDUARDO MARCONDES E OUTROS;

2) CLÍNICA INFANTO-JUVENIL PRÓ-CRESCER: DO FETO À ADOLESCÊNCIA (http://www.procrescer.med.br/)