sexta-feira, 27 de agosto de 2010

AUTISMO






Novos estudos sobre o autismo




26/08/10 – Publicada no volume 45 da revista Ciência Hoje, reportagem de Isabela Fraga levanta questões importantes sobre o assunto e conta com a colaboração do dr. Leonardo C. de Azevedo, do Instituto Fernandes Figueira (IFF – Fiocruz), hoje presidente do Departamento de Neurologia da SBP.

“Acreditamos que o diagnóstico feito ainda no primeiro ano ou antes de dois anos de idade, a indicação de programas para a intervenção precoce e amplas pesquisas buscando as causas, os biomarcadores e as possibilidades terapêuticas podem melhorar o prognóstico e até mesmo apontar para a cura do autismo”, diz o dr. Leonardo. Clique aqui para ver o pdf ou leia, abaixo, o texto na íntegra:

NEUROLOGIA

Ainda um enigma

Há mais de 70 anos cientistas de todo mundo se dedicam a estudar aquela que é uma das mais enigmáticas desordens neurológicas: o autismo. Embora muitos avanços tenham sido feitos na área clínica, os mecanismos moleculares, genéticos e neurobiológicos desse distúrbio permanecem em grande parte desconhecidos. Novos estudos, entretanto, parecem dar esperança para se recomendar tratamentos e medicamentos mais eficazes em um futuro próximo.

Isabela Fraga

Ciência Hoje/RJ



“Ele vive no seu próprio mundo.” A frase é bastante utilizada para descrever de forma leviana pessoas distraídas, que dão pouca atenção ao que acontece ao seu redor. As mesmas palavras, entretanto, ganham um significado muito mais enfático quando se referem a um portador de autismo – uma desordem neurológica manifestada por uma tríade de sintomas: déficit de interação social, dificuldade de linguagem e comportamento repetitivo.

A imagem clássica da pessoa autista – reproduzida em filmes, livros e seriados de televisão – é a de um indivíduo indiferente ao ambiente que o cerca, balançando para frente e para trás, sem olhar nos olhos de ninguém, conversar ou demonstrar interesse por qualquer assunto. Como todos os estereótipos, essa representação do autismo não pode ser encarada como verdade absoluta.

Afinal, o autismo não é uma disfunção única, mas sim um espectro de problemas, que variam de intensidade e tipo. Uma criança com um autismo leve como a síndrome de Asperger, por exemplo, pode conversar, frequentar escolas normais e ter uma vida independente quando envelhecer. E é justamente por abarcar uma infinidade de comportamentos e sintomas secundários que médicos e cientistas preferem classificar o distúrbio, de maneira mais geral, como desordens do espectro autista (ASD, na sigla em inglês).

Como um dos principais sintomas do autismo é a dificuldade de interação social e de comunicação, torna-se um duplo desafio para pais, médicos, neurologistas, psicólogos e psiquiatras diagnosticar e tratar de crianças que apresentam esse comportamento. Não receber resposta a perguntas simples como ‘o que há de errado?’ e não conseguir estabelecer conexão com o filho ou paciente são situações cotidianas para pessoas que lidam de perto com o autismo. “É uma charada difícil de ser desvendada, e por isso decepcionante e frustrante”, comenta o neuropediatra Leonardo deAzevedo, do Instituto Fernandes Figueira (IFF-Fiocruz), no Rio de Janeiro.

DeAzevedo realiza estudos clínicos sobre o autismo, em especial sobre a relação entre o distúrbio e o sistema imunológico do seu portador. Além dele, outros pesquisadores e médicos do Laboratório de Neurobiologia e Neurofisiologia Clínica do setor de Neurologia do instituto têm as desordens do espectro autista como objeto de estudo, como é o caso do neurofisiologista Vladimir Lazarev e do neurologista Adailton Pontes, mais voltados para a neurofisiologia da desordem.

Diagnóstico: quanto antes, melhor

O documentário O nome dela é Sabine, dirigido pela atriz francesa Sandrine Bonnaire, apresenta bem alguns aspectos da vida de uma pessoa portadora de autismo. No filme, a diretora focaliza sua irmã, Sabine, portadora de um tipo de autismo que não é explicitado ao longo do documentário. Ela tem olhar vago, está acima do peso, não estabelece contato visual, repete a mesma pergunta várias vezes, não mantém uma conversa por muito tempo e tem surtos ocasionais de violência.

Sobre essa imagem triste da irmã, a diretora contrapõe trechos de filmes caseiros antigos, nos quais Sabine está completamente diferente. Mais magra, ela parece demonstrar mais domínio sobre seu corpo, conversa com a irmã com muito mais facilidade, dança e ri. A diferença entre essas duas Sabines é enorme, e logo o espectador compreende: por falta de diagnóstico e tratamento adequados, Sabine acabou por ser internada num hospital psiquiátrico, onde permaneceu por cinco anos. O filme parece ser um mea culpa de Sandrine em relação à piora drástica da irmã.

Episódios como esse, no entanto, em que uma criança portadora de autismo é erroneamente diagnosticada e, por isso, não passa por tratamentos adequados, não são raros, mesmo hoje em dia. No Brasil, por exemplo, ainda há muitos casos de diagnóstico tardio. A dificuldade, por parte dos pais, de perceber os sintomas em seus filhos ainda bebês, juntamente com o desconhecimento em relação ao distúrbio, fazem com que a criança seja apontada como autista somente quando está mais velha.

Esse cenário está longe do ideal. É de consenso geral entre os cientistas: quanto antes for feito o diagnóstico do autismo, mais fácil e eficiente é o tratamento e, consequentemente, também a melhora. Para o médico Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, o ideal é que o diagnóstico seja feito quando a criança tem entre um ano e meio e dois anos. “O mais comum, no entanto, é a partir dos três anos de idade”, afirma.

Por apresentar diversos sintomas e níveis, o próprio diagnóstico para a desordem do espectro autista é bastante individualizado e subjetivo. Segundo Vadasz, a observação é a base para que se aponte se uma criança tem ou não autismo. “Observamos as três áreas mais afetadas pelas desordens autistas: a comunicação e a linguagem, a socialização; e os comportamentos repetitivos e interesses circunscritos”, explica o médico, acrescentando que não há um exame médico específico para o diagnóstico do autismo.

No Brasil, não há uma estimativa oficial do governo de casos de autismo na população e, para fins estatísticos, utilizam-se dados extrapolados de instituições estrangeiras, como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Segundo um relatório de 2006 desse instituto, uma em cada 110 crianças é portadora de uma desordem do espectro autista. O número parece bastante alto, mas os critérios do instituto provavelmente englobam muitos níveis de autismo, inclusive os mais leves.

Os vários autismos

De maneira geral, as desordens de espectro autista, que englobam uma grande variedade de comportamentos e problemas sob o ponto de vista clínico, podem ser divididas em dois ‘tipos’ de autismo. Obviamente, essa divisão é artificial e abarca em si outras muitas pequenas variações.

1) Síndrome de Asperger. Descrita pela primeira vez pelo pediatra austríaco Hans Asperger (1906–1980), é considerada uma forma de autismo mais branda. Seus portadores apresentam os três sintomas básicos (dificuldade de interação social, de comunicação e comportamentos repetitivos), mas suas capacidades cognitivas e de linguagem são relativamente preservadas. Na verdade, alguns até mesmo apresentam níveis de QI acima da média, motivo pelo qual a criança portadora da síndrome de Asperger é comumente representada como um pequeno gênio que descobre códigos e resolve enigmas. Entretanto, a síndrome de Asperger engloba aproximadamente 20-30% dos portadores de desordens do espectro autista.

2) Autismo ‘clássico’. É o tipo descrito pelo médico austríaco erradicado nos Estados Unidos Leo Kanner (1894-1981). Kanner foi o primeiro a utilizar a nomenclatura “autismo infantil precoce”, em um relatório de 1943, no qual [ele] descrevia 11 crianças com comportamentos muito semelhantes. O médico utilizou expressões como ‘solidão autística’ e ‘insistência na mesmice, que hoje são sintomas ainda tipicamente encontrados em pessoas autistas. Os portadores desse ‘autismo clássico’ têm comprometimento das capacidades cognitivas que varia de moderado a grave, além da dificuldade de interação social, de comunicação e do comportamento repetitivo. Os autistas chamados de ‘alto funcionamento’

3) Autistas do tipo regressivo. Essa variação no espectro de desordens autistas inclui aqueles que se desenvolvem normalmente até aproximadamente 1 ano e meio, e em seguida, até os 3 anos, sofrem regressão da linguagem e do comportamento tornando-se autistas.

A força da genética

Desde que o autismo foi descrito pela primeira vez, em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, um sem-número de estudos já foi feito sobre a desordem, mas ela ainda é considerada uma das mais enigmáticas da ciência. Muitas hipóteses e teorias foram levantadas para explicá-la, e um número igual delas já foi derrubado. Chegou-se a dizer, por exemplo, que vacinas poderiam causar intoxicação que levaria ao autismo; que determinados alimentos causariam o distúrbio; e até mesmo que a mãe era culpada pelo surgimento dos sintomas no filho.

“Não há comprovação de nenhum fator ambiental no surgimento do autismo”, afirma o neurofisiologista Vladimir Lazarev, do Instituto Fernandes Figueira (IFF). Juntamente com o médico Adailton Pontes, também do IFF, Lazarev tem conduzido estudos sobre o perfil neurofisiológico de crianças portadoras de autismo (ver ‘Em busca do diagnóstico preciso’ em CH 224).

Fora do Brasil, a ideia geral é também que “além de processos genéticos, não se conhece outras possíveis causas cientificamente viáveis para o autismo”, nas palavras do psicólogo Ami Klin, coordenador do Programa de Autismo da Universidade de Yale (Estados Unidos). O desconhecimento de influências do ambiente, no entanto, não significa que elas não existam.

Os processos genéticos aos quais Klin se refere são, na verdade, mutações genéticas – ou seja, microdeleções, inversões ou duplicações de determinados genes – que se descobriu ter relação com o autismo. “Os fatores genéticos respondem por mais de 90% das causas para o autismo”, explica o neuropediatra Leonardo deAzevedo. Os outros possíveis fatores não são conhecidos, e podem ser, por exemplo, resultado de problemas durante a gravidez, como rubéola, toxoplasmose e acidentes.

Não há apenas um gene relacionado ao distúrbio, mas vários, o que dificulta o trabalho dos cientistas. “O envolvimento de múltiplos genes pode responder por mais de 90% dos casos de propensão para o autismo”, explica deAzevedo. Esse mapeamento, embora impreciso, é importante, pois possibilita a elaboração de possíveis tratamentos ou medicamentos que suprimam as faltas ou estabilizem os excessos causados pelas mutações genéticas.

Entre os genes-candidatos, estão dois responsáveis pelo metabolismo da serotonina, um neurotransmissor que tem um papel regulador de determinadas fases do sono. Outra possibilidade é o gene RELN, codificador de uma proteína extracelular que coordena a migração de neurônios durante o desenvolvimento do cérebro. Essa proteína, chamada de relina, tem papel importante no desenvolvimento do córtex cerebral, do hipocampo e do cerebelo – estruturas nas quais já foram identificadas anormalidades em pessoas autistas.

No Brasil, a pesquisa genética também tem bons prognósticos. O laboratório coordenado por Vadasz no Hospital das Clínicas de São Paulo tem, além de uma área de diagnóstico e tratamento para distúrbios do espectro autista, um projeto de pesquisa voltado para a identificação de genes-candidatos à desordem e células-tronco. Vadasz é otimista. Para ele, em cinco ou 10 anos, será possível realizar intervenções terapêuticas. “A ideia é tirar células-tronco dos dentes de leite de crianças autistas, colocá-las em cultura e, com o tempo, diferenciar essas células em neurônios”, explica. Em seguida, os cientistas tentarão introduzir esses neurônios no sistema nervoso para suprir algumas falhas no processamento cerebral, numa técnica chamada de ‘reengenharia dos neurônios’.

Oxitocina: o ‘hormônio do amor’?

Entre todos os genes candidatos, a descoberta de um deles tem gerado efeitos práticos mais concretos. Trata-se do gene responsável pelo controle da produção da oxitocina, um hormônio relacionado ao sistema reprodutor feminino, que é produzido no hipotálamo. Apelidada de ‘hormônio do amor’ e ‘hormônio da confiança’ graças ao seu papel nas relações interpessoais e nos comportamentos afetivos, a oxitocina tem sido analisada em vários países por seu potencial de tratamento de alguns comportamentos autistas, como a ausência de contato visual e a dificuldade de relação com outras pessoas.

“Alguns estudos já comprovaram que pessoas com algum tipo de desordem do espectro autista possuem menos oxitocina no sangue periférico”, explica Azevedo. Em experimentação em roedores, percebeu-se que a proteína CD38 regula a secreção de oxitocina. Nos roedores em que falta a proteína CD38, os níveis de oxitocina no sangue são baixos.

Foi a partir dessa constatação que instituições do mundo todo têm realizado testes que analisam os efeitos da ingestão de oxitocina em pacientes autistas sob a forma de spray nasal. Um desses estudos, publicado na revista norte-americana PNAS, foi coordenado pela neurocientista francesa Elissar Andari, do Instituto Nacional de Pesquisas Científicas da França.

Andari e seus colegas conduziram um estudo com 13 pessoas portadoras de autismo de alto desempenho – aqueles que possuem suas capacidades cognitivas preservadas. Em um jogo no qual deveriam jogar uma bola e recebê-la de volta de três outros jogadores fictícios, os cientistas analisaram a interação das crianças em relação aos outros jogadores, que eram divididos entre bons, ruins e neutros. Aquelas portadoras de autismo não diferenciavam quais jogadores tinham melhor desempenho. No entanto, após a inalação de oxitocina, esses pacientes percebiam a diferença e interagiam mais com o jogador ‘bom’, lançando uma quantidade maior de bolas para ele.

“Diz-se que a oxitocina causa melhora em alguns comportamentos autistas essenciais, como o engajamento social, mas isso ainda não é comprovado totalmente”, opina Klin. No entanto, dados os excelentes resultados em estudos como o de Andari, a expectativa é de que futuramente se poderá tratar o autismo com oxitocina.

No Brasil, o grupo de deAzevedo, em colaboração com a professora Vivian Rumjanek, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, está estudando o comportamento desta proteína nas crianças autistas. Já no Hospital das Clínicas, em São Paulo, o tratamento com a oxitocina é feito por meio do contato com cães. Vadasz, coordenador do programa que realiza o tratamento, explica essa relação um tanto surpreendente: “Estudos já demonstraram que, quando temos algum contato com cães, nosso cérebro produz oxitocina”. Nos Estados Unidos, a chamada terapia assistida por cães (TAC) tem apresentado bons resultados.

Enquanto ela não vem... Os tratamentos

A oxitocina ainda está em fase de testes para o tratamento de sintomas do autismo. Por enquanto, o tratamento para o distúrbio passa por várias áreas médicas, e o grau de efetividade depende da idade em que é iniciado. A cura, entretanto, ainda não está num horizonte próximo. “Não sabemos de uma causa específica para o autismo e, até que isso seja conhecido, será difícil falar de cura”, explica Klin. “No entanto, há tratamentos comportamentais bastante efetivos que podem ajudar crianças e adultos a superar suas dificuldades.” Para ele, o objetivo com esses tratamentos – em sua maior parte sem a utilização de medicamentos – não é curar, mas ajudar os portadores dessa desordem no seu relacionamento com outros.

É difícil precisar um tipo específico de tratamento para desordens do espectro autista, primeiramente porque elas são muitas e bastante variáveis. Há crianças autistas que simplesmente não falam; outras que repetem a mesma frase fora de contexto muitas vezes; há aquelas que não demonstram interesse por absolutamente nada, e outras que escolhem um assunto específico para se aprofundar. O espectro é, de fato, bastante amplo. Por isso, tanto psicanalistas como outros médicos e pediatras concordam que o melhor é um tratamento individualizado, de acordo com as limitações apresentadas por cada pessoa.

Autora do livro Do silêncio ao eco: autismo e clínica psicanalítica,publicado pela Edusp, a psicanalista Luciana Pires defende essa abordagem individualizada. Depois de mais de dez anos de clínica dedicada ao tratamento de crianças autistas no Brasil e na Inglaterra, Pires chegou à conclusão de que a relação do paciente com o analista é ponto de partida para que este crie condições de melhorar o desenvolvimento subjetivo e emocional da criança. “Por detrás dos mesmos sintomas, temos posições subjetivas muito diferentes. Essa compreensão orienta a ação do psicanalista na clínica do autismo”, explica ela.

Cérebro: ainda há dúvidas

Se clinicamente o autismo é bastante conhecido e suas formas de tratamento já alcançaram relativo sucesso, os mecanismos pelos quais ele atua no cérebro ainda geram dúvidas. Muitas hipóteses consideradas têm sido derrubadas por falta de comprovação. De maneira geral, a teoria mais aceita pela comunidade científica é que as mutações genéticas causam falhas de conexão entre as diferentes regiões cerebrais, o que geraria problemas em algumas estruturas, como o cerebelo, o hipotálamo (onde se sintetiza, por exemplo, a oxitocina) e o córtex.

Lazarev e Pontes, pesquisadores do Instituto Fernandes Figueira, têm utilizado a eletroencefalografia para sustentar a hipótese de que, em cérebros de pessoas portadoras de autismo, há alteração na assimetria funcional entre os hemisférios direito e esquerdo. De acordo com essa hipótese, o hemisfério direito do autista teria menor nível de ativação em comparação com a mesma região de pessoas sem o distúrbio. Ao mesmo tempo, o hemisfério esquerdo teria o que eles chamam de hiperatividade, ou seja, hiperconectividade funcional entre as diferentes regiões deste hemisfério. A hiperatividade do hemisfério esquerdo seria, portanto, uma forma de ‘compensação’ da atividade relativamente baixa do lado direito.

“Há ainda quem pense, como o psicólogo inglês Baron-Cohen, que o cérebro autista seria hipermasculino, uma vez que ele tem o hemisfério esquerdo hiperativo”, explica Lazarev. Para entender a afirmação do neurofisiologista, é importante lembrar: enquanto o hemisfério direito é ligado às emoções e às relações interpessoais, o lado esquerdo responde mais pela lógica e racionalidade. A hipótese de assimetria cerebral, portanto, converge com os principais sintomas das desordens do espectro autista.

Klin, da Universidade de Yale, entretanto, tem uma visão diferente. “A hipótese de assimetria cerebral é antiga, e alguns pensam que ela simplifica o perfil neurofisiológico do autismo”, comenta. Para ele, uma hipótese mais provável é a da ‘conectividade atípica’, que é mais recente. Segundo ela, o cérebro de um portador de autismo apresenta hipoconectividade em conexões mais longas (como entre hemisférios) e hiperconectividade em conexões mais curtas – ou ‘locais’.

Para Lazarev e Pontes, o modelo comentado por Klin, e já definido por outros autores, não vai de encontro à sua hipótese. “Esses resultados foram encontrados por meio de avaliação das oscilações bioelétricas do cérebro, que mede a conectividade de curta e longa distância entre as áreas cerebrais”, explica Pontes. “Logo, nossa hipótese está em sintonia com o modelo de conectividade atípica.”

Esses modelos, entretanto, não devem ser vistos como uma tentativa de explicar os mecanismos específicos do cérebro autista. “Essa hipótese é uma visão geral para entender os padrões de imagem do cérebro autista”, explica Klin, acrescentando que as últimas descobertas sobre a genética do autismo apontam, por exemplo, para a existência de moléculas de adesão celular que têm papel no aprendizado. “De qualquer forma, alterações cerebrais resultantes de hipóteses celulares ou moleculares ainda não foram suficientemente desenvolvidas”, resume Klin.

Sugestões para leitura:

ANDARI, Elissar; DUHAMELA, J.; ZALLAB, T.; HERBRECHTB, E.; LEBOYERB, M & SIRIGUIA, A. ‘Promoting social behavior with oxytocin in high-functioning autism spectrum disorders’, in Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 107, nº 9, p. 4389-4394, 2010.

DICICCO-BLOOM, Emanuel; LORD, C.; ZWAIGENBAUM, L.; COURCHESNE, S.; SCHMITZ, C.; SCHULTZ, R.; CRAWLEY, J. & YOUNG, L. ‘The Developmental Neurobiology of Autism Spectrum Disorder’, in The Journal of Neuroscience, v. 26, p. 6897, 2006.

Lazarev VV, Pontes A, Mitrofanov AA, deAzevedo LC. "Interhemispheric asymmetry in EEG photic driving coherence in childhood autism, in Clin Neurophysiol. 2010 Feb;121(2):145-52.

PIRES, Luciana. Do silêncio ao eco: autismo e clínica psicanalítica. São Paulo, Edusp, 2007.



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segunda-feira, 8 de março de 2010

Vacina H1N1: grupo prioritário para receber a vacina


Vacina H1N1


Inicialmente estão entre o grupo de prioritários:
Trabalhadores de saúde envolvidos em atendimento aos pacientes;

Grávidas;

Indígenas;

Crianças entre 6 meses e 2 anos;

Adultos entre 20 e 39 anos;

Pacientes de doenças crônicas

Obesidade grau 3 - antiga obesidade mórbida (crianças, adolescentes e adultos);

Doenças respiratórias crônicas desde a infância (exemplos: fibrose cística, displasia broncopulmonar);

Asmáticos (formas graves);

Doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças crônicas com insuficiência respiratória;

Doença neuromuscular com comprometimento da função respiratória (exemplo: distrofia neuromuscular);

Imunodeprimidos (exemplos: pacientes em tratamento para aids e câncer ou portadores de doenças que debilitam o sistema imunológico);

Diabetes mellitus;

Doença hepática (exemplos: atresia biliar, cirrose, hepatite crônica com alteração da função hepática e/ou terapêutica antiviral);

Doença renal (exemplo: insuficiência renal crônica, principalmente em pacientes em diálise);

Doença hematológica (hemoglobinopatias);

Pacientes menores de 18 anos com terapêutica contínua com salicilatos (exemplos: doença reumática autoimune, doença de Kawasaki);

Portadores da Síndrome Clínica de Insuficiência Cardíaca;

Portadores de cardiopatia estrutural com repercussão clínica e/ou hemodinâmica (exemplos: hipertensão arterial pulmonar, valvulopatias, cardiopatia isquêmica com disfunção ventricular)..

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Sinais de Alarme no Dengue




Diante destes sinais a criança deverá procurar imediatamente assistência médica


SINAIS DE ALARME


a) dor abdominal intensa e contínua;

b) vômitos persistentes;

c) hipotensão postural e/ou lipotímia (perda brusca da consciência, desmaio) ;

d) hepatomegalia dolorosa (fígado aumentado de tamanho);

e) hemorragias importantes (hematêmese -vômitos com sangue- e/ou melena - fezes com sangue);

f) sonolência e/ou irritabilidade;

g) diminuição da diurese (quantidade de urina);

h) diminuição repentina da temperatura corpórea ou

hipotermia (baixa temperatura com pele fria) ;

i) aumento repentino do hematócrito (verificado pelo médico no exame de sangue);

j) queda abrupta de plaquetas;

l) desconforto respiratório.


SINAIS DE CHOQUE (MÁ PERFUSÃO SANGUÍNEA DOS TECIDOS CORPORAIS)


a) hipotensão arterial;

b) pressão arterial convergente (PA diferencial menor do que 20mmHg - diferença entre PA sistólica e diastólica);

c) extremidades frias, cianose (cor roxa das extremidades - mãos e pés, dos lábios);

d) pulso rápido e fino;

e) enchimento capilar lento (menor do que 2 segundos ).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Como evitar sequestros de crianças



CAMPANHA NACIONAL DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES E VIOLÊNCIA NA INFÂNCIA     E ADOLESCÊNCIA




Promoção Sociedade Brasileira de Pediatria

Apoio: UNICEF

Organização – Diretoria de Promoção Social e Direitos da Criança/ Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente (DCSCA).



Seja “esperto” e evite acidentes, entre os quais o desaparecimento de crianças, observando alguns lembretes para você e seu filho:



1. Evite aceitar balas e refrigerantes de estranhos.

2. Saiba de cor o seu nome inteiro e nome completo e endereço/ telefone de sua casa.

3. Faça carteira de identidade de seu filho, caso não a possua. Ela será sempre útil em viagens, associado a “pulseira” de identificação.

4. Ao ir para escola não peça carona ou aceite convites de estranhos para qualquer programa.

5. Brinque com segurança – Ao brincar em casa feche o portão e brincando perto de casa tenha a companhia de adulto conhecido.

6. Tenha fácil acesso a telefones úteis de sua cidade como – Polícia 190.

7. SOS criança – Movimento Nacional em defesa da criança desaparecida (41) 324-1992. wwdcd.hpg.ig.com.br.

8. Lembre-se de que “Acidentes é evitável e violência previsível”.



Dr. José Américo de Campos

Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Problemas menstruais na adolescência





1)QUANDO INICIA A PUBERDADE NO SEXO FEMNINO?



O início da puberdade feminina ocorre ao redor dos 9 ou 10 anos com o aparecimento do broto mamário acompanhando-se simultaneamente, ou logo após, pelo desenvolvimento dos pêlos pubianos.



2)QUANDO OCORRE A MENARCA?



A menarca (a primeira menstruação) ocorre em fase adiantada do desenvolvimento mamário e de pêlos pubianos (geralmente entre os estágios 3 e 4, segundo os critérios de maturação sexual de Tanner, usados internacionalmente) e após o pico de crescimento (velocidade máxima de crescimento da estatura). A idade média da menarca na população brasileira é de 11 a 13 anos e 4 meses.



3)QUANTO A ADOLESCENTE CRESCE APÓS A MENARCA?



Essa preocupação é freqüente entre as adolescentes e seus familiares. O crescimento da estatura após a menarca é de 7 cm em média.



4)COMO SÃO OS CICLOS MENSTRUAIS APÓS A MENARCA?



Os ciclos menstruais logo após a menarca são freqüentemente anovulatórios (não há a presença de óvulos), embora a ovulação possa ocorrer em seguida. O ciclo menstrual normal apresenta as seguintes fases: 1) proliferativa – onde há proliferação da camada interna do útero, o endométrio. Ocorre sob a influência de um hormônio chamado estrógeno; 2) fase de ovulação – relacionada com uma maior produção de substâncias chamadas de gonadotrofinas, no meio do ciclo menstrual; 3) fase secretória – ocorre pela ação de hormônios chamados progesteronas.

Esse ciclo menstrual ocorre normalmente em intervalos regulares de 23 a 35 dias, durando o fluxo de três a cinco dias.



5)CICLOS MENSTRUAIS IRREGULARES



Comumente os ciclos menstruais após a menarca são regulares. Porém, muitas adolescentes apresentam os ciclos irregulares, em conseqüência dos ciclos anovulatórios (quando não há presença dos óvulos, produzidos nos ovários), que ocorrem por um ou dois anos.

Essas irregularidades se referem a variações de intervalo, duração e quantidade do fluxo menstrual, podendo ser:

1) hipomenorréia (ciclos regulares com fluxo menstrual reduzido);

2) hipermenorréia ( fluxo menstrual intenso);

3) polimenorréia (ciclos menstruais com intervalos reduzidos); e

4) oligomenorréia (ciclos menstruais espaçados).



6)OS CICLOS MENSTRUAIS IRREGULARES DEVEM SER TRATADOS?



A maior parte das alterações mencionadas é fisiológica e transitória, relacionadas à ausência de ovulação, podendo, entretanto determinar, em algumas circunstâncias, a ocorrência de sangramento anormal.

São anormais as perdas sanguíneas com intervalos menores do que três semanas, com duração de mais de uma semana e/ou referidas como abundantes.

Essas perdas sanguíneas sem causa aparente caracterizam a HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL, podendo levar a anemia de graus variáveis. O ginecologista deverá ser consultado para tomar as medidas terapêuticas mais adequadas a cada caso.

Não se sabe porque algumas adolescentes apresentam sangramentos anormais e outras não.

As irregularidades menstruais que ocorrem nos primeiros anos após a menarca tendem a desaparecer à medida que se estabelecem os ciclos ovulatórios.

Para a maioria das irregularidades menstruais não há necessidade de tratamento. Deverá ser feita reavaliação periódica para melhor orientação da adolescente e seus familiares.

Já a HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL, por suas repercussões no estado geral, deve ser tratada encaminhando-se ao ginecologista as adolescentes com perdas sanguíneas aumentadas. O tratamento poderá envolver transfusões, administração de estrógenos, contraceptivos orais ou excepcionalmente curetagem uterina.



7)QUAIS OUTRAS DOENÇAS PODERIAM PROVOCAR SANGRAMENTOS ANORMAIS NAS ADOLESCENTES?



A HEMORRGIA UTERIAN DISFUNCIONAL deve ser diferenciada de outras causas, locais ou sistêmicas, de sangramento uterino.As principais são:

. Doenças hemorrágicas

. Traumas

. Processos infecciosos: doença pélvica inflamatória, cervicite por gonorréia, tuberculose

. Gravidez e alterações gravídicas: prenhez ectópica (gravidez nas trompas), aborto

. Neoplasias ovarianas, uterinas ou vaginais

. Doenças endócrinas: hiper e hipotireoidismo, diabetes, disfunções das glândulas adrenais, distúrbios ovarianos

. Drogas: uso excessivo de aspirina



8)O QUE É DISMENORRÉIA?



É definida como menstruação dolorosa caracterizada por dor abdominal recorrente em cólica durante o fluxo menstrual acompanhando-se ou não de náuseas, vômitos, diarréia, dor de cabeça, dores nos membros e mal-estar. É diferente da síndrome pré-menstrual e é queixa freqüente entre as adolescentes.

A dismenorréia primária, mais comum nas adolescentes, não é conseqüência de doenças pélvicas, surge quando os ciclos se tornam ovulatórios, com intensidade variável, podendo ser causa de ausência nas atividades escolares, no trabalho, ou recreativas. As manifestações dolorosas surgem habitualmente um a três anos após a menarca, após ciclos menstruais regulares.

O ginecologista deverá fazer um exame ginecológico para afastar a possibilidade de dismenorréia secundária, isto é, decorrente de alguma doença que deverá ser investigada adequadamente.

O tratamento adequado será instituído pelo médico, indicando uso de analgésicos eficazes na época da menstruação.



9)SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL



A síndrome (conjunto de sinais e sintomas) ou tensão pré-menstrual (TPM) é um conjunto de manifestações recorrentes, com alterações bio-psíquicas, que aparecem na segunda metade do ciclo menstrual intensificando-se no período pré-menstrual imediato e desaparecendo durante o período de fluxo menstrual.

A maior parte das mulheres tem algum tipo de sintoma, podendo acarretar diferentes graus de limitação.

As manifestações percebidas no corpo abrangem distensão abdominal (“barriga inchada”), aumento de peso, dor e aumento das mamas e dor de cabeça. Podendo aparecer ainda edema de membros inferiores, dor abdominal ou pélvica (“parte baixa do abdomem”), alterações do hábito intestinal ou da micção, alterações da pele, vertigem, palpitações (“sente o coração bater disparado”), náuseas e estomatite (processo inflamatório na boca).

As manifestações psíquicas abrangem agressividade, tensão, depressão, ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade, alterações do sono, choro fácil e anorexia (falta de apetite).

A causa da TPM é desconhecida, existindo várias teorias para explica-la. Parecer existir alterações periódicas nas funções do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.

Como não se sabe exatamente a causa, a abordagem terapêutica (tratamento) é também variável, indicado pelo profissional habilitado.


Fonte: Pediatria em Consultório – SARVIER


Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à Adolescência.





quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Carnaval, adolescência e doenças sexualmente transmissíveis





Água morna em pedra dura tanto bate até que...

A água acabe!

Mas continuamos tentando. Informando para tentar mudar hábitos e costumes. Mudar comportamentos. É essa a intenção de divulgar informações nesse blog.

Mesmo que muitos adolescentes não o leia...

Quem sabe algum possa ler, mudar sua conduta e preservar melhor o bem mais precioso que possua:  sua própria vida.

Há conceitos pré-formados a respeito de doenças sexualmente transmissíveis. Preconceitos. Um deles é que AIDS é doença de gays e homossexuais. Em 1981, quando a doença foi descoberta, o grupo no qual foi estudada era restrito de fato a homossexuais masculinos. Mas logo depois houve um maior conhecimento a respeito da doença e esse conceito mudou. Mas ficou restrito a grupos acadêmicos.

Popularmente AIDS ficou sendo a doença de gays e homossexuais. Ou de usuários de drogas injetáveis.

Não é mais assim. Qualquer pessoa que se exponha ao vírus da doença (vírus HIV) está sujeito a se infectar. Heterossexuais masculinos e femininos. Usuários ou não de drogas injetáveis. Prostitutas.

Adolescentes que tenham relações sexuais desprotegidas ou que tenham contato com sangue e derivados contaminados pelo vírus. Recém-nascidos filhos de mães portadoras do vírus. E também homossexuais.

O vírus não escolhe cara. Nem jovens, nem coroas. Não vê se as pessoas são bonitas ou feias. Entrou em contato com o vírus, contamina-se.

Houve uma época em que doença sexualmente transmissível resumia-se a gonorréia e a sífilis. Tomava-se penicilina e pronto.

Hoje o grupo de doenças transmitidas por contato sexual ampliou. As doenças também se globalizaram. Tornaram-se também pós-modernas, adaptando-se aos costumes das várias culturas.

A Sífilis continua, bem como a blenorragia ou gonorréia. Mas há também a hepatite B, que poderá levar à cirrose hepática, ao câncer do fígado e à morte. O cancro mole. A hepatite C.

E há a temível AIDS, doença sem cura conhecida, cuja principal arma é a prevenção.

Parece que ao falar desses assuntos, nessa época de festas, é colocar ventilador na farofa dos amantes do carnaval. Agourar noitadas boas... Mas o propósito não é esse. É o contrário. O Objetivo é alertar a consciência para prevenir-se.

Carnaval virou sinônimo de tudo pode. Revirar costumes. Desobedecer a ordem estabelecida, desafiar regras. Entrar na onda, não ser careta.

Tudo a ver com adolescência, época de rebeldia por excelência. Bebidas alcoólicas a vontade. Sensualidade (... e sexo, é claro!) à flor da pele. A busca de prazer acima de tudo. Permissividade como sinônimo de liberdade.

Mesmo às custas de vidas preciosas da juventude... tubo bem ... é carnaval.

Como a sensualidade está à flor da pele, se você, adolescente, decidir ter relações sexuais procure proteger-se usando a camisinha. Ela impede o contato entre as mucosas dos órgãos genitais, evitando transmissão de bactérias e/ou vírus entre os envolvidos na relação.

Na hora do vamo vê, com as percepções alteradas pelo uso do álcool, com os estímulos de todos os lados, com a facilidade de exposição de corpos ardentes e sensuais, com o incentivo dos colegas de turma, é difícil lembrar-se da camisinha, e mais difícil ainda é usá-la nessas condições.

Mas... Lembre-se: quem vê somente os órgãos genitais  não vê vírus!

Brinque o carnaval sem fazer de sua vida uma eterna quarta-feira de cinzas, com um vírus mortal fazendo a festa dentro de você.

A festa vai rolar... o povo do gueto mandou avisar... para você se cuidar!...