sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Problemas menstruais na adolescência





1)QUANDO INICIA A PUBERDADE NO SEXO FEMNINO?



O início da puberdade feminina ocorre ao redor dos 9 ou 10 anos com o aparecimento do broto mamário acompanhando-se simultaneamente, ou logo após, pelo desenvolvimento dos pêlos pubianos.



2)QUANDO OCORRE A MENARCA?



A menarca (a primeira menstruação) ocorre em fase adiantada do desenvolvimento mamário e de pêlos pubianos (geralmente entre os estágios 3 e 4, segundo os critérios de maturação sexual de Tanner, usados internacionalmente) e após o pico de crescimento (velocidade máxima de crescimento da estatura). A idade média da menarca na população brasileira é de 11 a 13 anos e 4 meses.



3)QUANTO A ADOLESCENTE CRESCE APÓS A MENARCA?



Essa preocupação é freqüente entre as adolescentes e seus familiares. O crescimento da estatura após a menarca é de 7 cm em média.



4)COMO SÃO OS CICLOS MENSTRUAIS APÓS A MENARCA?



Os ciclos menstruais logo após a menarca são freqüentemente anovulatórios (não há a presença de óvulos), embora a ovulação possa ocorrer em seguida. O ciclo menstrual normal apresenta as seguintes fases: 1) proliferativa – onde há proliferação da camada interna do útero, o endométrio. Ocorre sob a influência de um hormônio chamado estrógeno; 2) fase de ovulação – relacionada com uma maior produção de substâncias chamadas de gonadotrofinas, no meio do ciclo menstrual; 3) fase secretória – ocorre pela ação de hormônios chamados progesteronas.

Esse ciclo menstrual ocorre normalmente em intervalos regulares de 23 a 35 dias, durando o fluxo de três a cinco dias.



5)CICLOS MENSTRUAIS IRREGULARES



Comumente os ciclos menstruais após a menarca são regulares. Porém, muitas adolescentes apresentam os ciclos irregulares, em conseqüência dos ciclos anovulatórios (quando não há presença dos óvulos, produzidos nos ovários), que ocorrem por um ou dois anos.

Essas irregularidades se referem a variações de intervalo, duração e quantidade do fluxo menstrual, podendo ser:

1) hipomenorréia (ciclos regulares com fluxo menstrual reduzido);

2) hipermenorréia ( fluxo menstrual intenso);

3) polimenorréia (ciclos menstruais com intervalos reduzidos); e

4) oligomenorréia (ciclos menstruais espaçados).



6)OS CICLOS MENSTRUAIS IRREGULARES DEVEM SER TRATADOS?



A maior parte das alterações mencionadas é fisiológica e transitória, relacionadas à ausência de ovulação, podendo, entretanto determinar, em algumas circunstâncias, a ocorrência de sangramento anormal.

São anormais as perdas sanguíneas com intervalos menores do que três semanas, com duração de mais de uma semana e/ou referidas como abundantes.

Essas perdas sanguíneas sem causa aparente caracterizam a HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL, podendo levar a anemia de graus variáveis. O ginecologista deverá ser consultado para tomar as medidas terapêuticas mais adequadas a cada caso.

Não se sabe porque algumas adolescentes apresentam sangramentos anormais e outras não.

As irregularidades menstruais que ocorrem nos primeiros anos após a menarca tendem a desaparecer à medida que se estabelecem os ciclos ovulatórios.

Para a maioria das irregularidades menstruais não há necessidade de tratamento. Deverá ser feita reavaliação periódica para melhor orientação da adolescente e seus familiares.

Já a HEMORRAGIA UTERINA DISFUNCIONAL, por suas repercussões no estado geral, deve ser tratada encaminhando-se ao ginecologista as adolescentes com perdas sanguíneas aumentadas. O tratamento poderá envolver transfusões, administração de estrógenos, contraceptivos orais ou excepcionalmente curetagem uterina.



7)QUAIS OUTRAS DOENÇAS PODERIAM PROVOCAR SANGRAMENTOS ANORMAIS NAS ADOLESCENTES?



A HEMORRGIA UTERIAN DISFUNCIONAL deve ser diferenciada de outras causas, locais ou sistêmicas, de sangramento uterino.As principais são:

. Doenças hemorrágicas

. Traumas

. Processos infecciosos: doença pélvica inflamatória, cervicite por gonorréia, tuberculose

. Gravidez e alterações gravídicas: prenhez ectópica (gravidez nas trompas), aborto

. Neoplasias ovarianas, uterinas ou vaginais

. Doenças endócrinas: hiper e hipotireoidismo, diabetes, disfunções das glândulas adrenais, distúrbios ovarianos

. Drogas: uso excessivo de aspirina



8)O QUE É DISMENORRÉIA?



É definida como menstruação dolorosa caracterizada por dor abdominal recorrente em cólica durante o fluxo menstrual acompanhando-se ou não de náuseas, vômitos, diarréia, dor de cabeça, dores nos membros e mal-estar. É diferente da síndrome pré-menstrual e é queixa freqüente entre as adolescentes.

A dismenorréia primária, mais comum nas adolescentes, não é conseqüência de doenças pélvicas, surge quando os ciclos se tornam ovulatórios, com intensidade variável, podendo ser causa de ausência nas atividades escolares, no trabalho, ou recreativas. As manifestações dolorosas surgem habitualmente um a três anos após a menarca, após ciclos menstruais regulares.

O ginecologista deverá fazer um exame ginecológico para afastar a possibilidade de dismenorréia secundária, isto é, decorrente de alguma doença que deverá ser investigada adequadamente.

O tratamento adequado será instituído pelo médico, indicando uso de analgésicos eficazes na época da menstruação.



9)SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL



A síndrome (conjunto de sinais e sintomas) ou tensão pré-menstrual (TPM) é um conjunto de manifestações recorrentes, com alterações bio-psíquicas, que aparecem na segunda metade do ciclo menstrual intensificando-se no período pré-menstrual imediato e desaparecendo durante o período de fluxo menstrual.

A maior parte das mulheres tem algum tipo de sintoma, podendo acarretar diferentes graus de limitação.

As manifestações percebidas no corpo abrangem distensão abdominal (“barriga inchada”), aumento de peso, dor e aumento das mamas e dor de cabeça. Podendo aparecer ainda edema de membros inferiores, dor abdominal ou pélvica (“parte baixa do abdomem”), alterações do hábito intestinal ou da micção, alterações da pele, vertigem, palpitações (“sente o coração bater disparado”), náuseas e estomatite (processo inflamatório na boca).

As manifestações psíquicas abrangem agressividade, tensão, depressão, ansiedade, dificuldade de concentração, irritabilidade, alterações do sono, choro fácil e anorexia (falta de apetite).

A causa da TPM é desconhecida, existindo várias teorias para explica-la. Parecer existir alterações periódicas nas funções do eixo hipotálamo-hipófise-ovário.

Como não se sabe exatamente a causa, a abordagem terapêutica (tratamento) é também variável, indicado pelo profissional habilitado.


Fonte: Pediatria em Consultório – SARVIER


Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à Adolescência.