segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Anticoncepção na adolescência






Anticoncepção na adolescência é um tema de suma importância.

No mundo todo, as adolescentes seguem gestando sem planejar. O termo não planejado é mais adequado do que não desejado, pois muitas adolescentes desejam uma gravidez ou passam a deseja-la.

No entanto, não planejam, colocando em risco, muitas vezes, seu projeto de vida no mundo, interrompendo estudos, tumultuando a relação intrafamiliar, abandonando lares e expondo recém nascidos a uma série de agravos à saúde, comprometendo sua qualidade de vida.

Uma característica do humano é sua capacidade de planejar, antever o futuro e direcionar suas ações para conseguir seus desejos. Diante de um grande número de adolescentes sexualmente ativos, de início cada vez mais precoce das relações sexuais, das conseqüências de uma gravidez não planejada e da freqüente troca de parceiros sexuais, é de grande importância que todos sejam envolvidos no tema.

Adolescentes, familiares, parceiros sexuais, médicos de adolescentes, outros profissionais da saúde, as escolas. A comunidade como um todo.

Fingir que os adolescentes não têm vida sexual ativa não condiz com a realidade das estatísticas mundiais.

O Ministério da Saúde informou que em 1999, 25,7% dos partos do SUS foram em adolescentes. O tempo entre a primeira relação sexual e a procura de um serviço de saúde costuma ser de vários meses. A demora de um serviço de orientação resulta em que muitas adolescentes já chegam grávidas ao serviço de saúde.

Nos EUA, a média de tempo da procura ao atendimento costuma ser de doze meses!

Sabe-se também que nos EUA (onde as estatísticas são confiáveis) 50% das gestações em adolescentes ocorrem nos primeiros 6 meses do início da atividade sexual.

Estima-se que 25 a 50% dos adolescentes não usam qualquer tipo de método contraceptivo na primeira relação sexual. Além disso, estudos mostram que até 50% das adolescentes descontinuam o método nos 3 primeiros meses do seu uso.

Nesse sentido, entende-se que apenas o estímulo do uso do contraceptivo nas relações sexuais não tem diminuído as taxas da gestação não planejada, mesmo em países desenvolvidos.

Políticas de saúde para diminuir esses índices incluem:

1) educação sexual nas escolas;

2) orientações aos pais;

3) treinamento adequado aos instrutores e professores;

4) serviços que atendam os adolescentes próximos às escolas;

5) facilidade de agendamento de consultas;

6) distribuição gratuita dos métodos anticoncepcionais rotineiros e os de emergência e

7) envolvimento do parceiro na questão.

O melhor método é aquele que tiver o melhor custo e adesão, menor quantidade de efeitos adversos, poder ser reversível e com maior eficácia. A escolha do método deve ser de preferência em conjunto: profissional de saúde e o casal.

O estímulo da participação e da presença do parceiro auxilia na divisão de responsabilidades, no aumento da maturidade e na melhoria da quantidade de informações referentes à saúde reprodutiva.

As recomendações devem ser freqüentes na adolescência para manter uma melhor adesão ao método escolhido e estimular o sexo seguro: escolha de um parceiro adequado e o uso de condom (camisinha), independente do uso de outro método anticoncepcional.

Nos dias de hoje é raro um adolescente não saber da existência da AIDS, das DSTS (doenças sexualmente transmissíveis), da camisinha, do contraceptivo oral (pílula), etc. No entanto, no mundo todo, um número grande de adolescentes segue tendo problemas com a saúde reprodutiva.

A questão da abstinência sexual também deve ser discutida com o adolescente. A virgindade pode ser uma escolha do jovem, e o profissional de saúde pode ajudar nessa opção. Muitos jovens iniciam sua vida sexual somente para acompanhar o grupo de iguais.

MÉTODOS ANTICONEPTIVOS ACESSÍVEIS

1) ANTICONCEPÇÃO HORMONAL






O anticoncepcional hormonal oral combinado (ACO) refere-se à associação de estrógeno sintético e um progestágeno. Esse método foi comercializado em 1960, e desde então várias mudanças têm ocorrido na sua fórmula, aumentando sua eficácia e diminuindo seus efeitos colaterais.

O anticoncepcional oral combinado é o método mais utilizado em adolescentes, pela sua alta eficácia (99,7%), comodidade no uso, não interferência no ato sexual, grande segurança, além de seus benefícios serem maiores do que os riscos.

São vários os medos relatados por familiares e adolescentes para utilizarem esse método. Entre os motivos, destacam-se: preocupação com a auto-imagem (medo de engordar, de adquirir celulite, etc), sangramento anormal, medo de infertilidade, desencorajamento por parte do parceiro ou de familiares, entre outros.

É importante que se divulgue a alta eficácia, o baixo índice de aumento de peso e acne, o retorno imediato à fertilidade com a interrupção do uso do ACO, a possibilidade de ocorrerem sangramentos intermenstruais (escape) nas primeiras 3 cartelas, além de vários outros benefícios não contraceptivos, tais como melhora dos distúrbios menstruais, melhora da acne, melhora da tensão pré-menstrual, diminuição do fluxo menstrual, diminuição do risco de câncer de ovário e do endométrio (útero).

Existem também os anticoncepcionais hormonais combinados injetável e o utilizado nas emergências pós-relação sexual desprotegida, tais como ruptura do condom (camisinha), estupro e esquecimento de mais de dois comprimidos contraceptivos orais.

O uso do anticoncepcional de emergência deve ser iniciado antes de 72 horas da relação sexual, mas a eficácia é maior se usado antes das primeiras 24 horas.


II) DIAFRAGMA





É um pequeno dispositivo circular de borracha, com borda firme, flexível. Ao ser colocado na vagina, forma uma barreira física sobre o colo uterino. Sua duração é de 2 anos.

Necessita de maturidade da adolescente, de automotivação, de exame médico prévio e de conhecimento de seus genitais. Possui boa aceitação em universitárias. Boa eficácia, especialmente quando acompanhada de espermicida (81-98%). Deve ser colocado antes da relação sexual e retirado após 6 horas.



III) CONDOM MASCULINO E FEMININO


Masculino
Feminino


É bom método contraceptivo e auxilia na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), inclusive a AIDS. Com o uso de espermicida (substância química que mata os espermatozóides) sua eficácia é muito boa (90-98%). Devem ser usados durante toda a relação sexual e são descartáveis.

Atualmente existe também o condom feminino. Apresentam uma forma de saco, com anel externo, protegendo não só o colo e a vagina das DSTS, mas toda a vulva.



IV) DISPOSITIVO INTRA-UTERINO (DIU)






Método eficaz (95-98%). Não requer automotivação e não interfere com o ato sexual. Método ideal para pacientes com um parceiro sexual, que já tiveram filhos e que não estão dispostas ou não podem usar outro método. Atualmente, os DIUs mais novos podem ser removidos a cada 5 anos.



V) COITO INTERROMPIDO E TABELINHA










O coito interrompido apresenta pouca eficácia contraceptiva, pois o homem libera espermatozóides antes da ejaculação. Exige autocontrole e interfere com o ato sexual.

A tabelinha não é um método indicado para adolescentes que não têm ciclos menstruais regulares, o que é muito freqüente nessa faixa etária. Ela consiste em evitar relações sexuais próximas do período fértil. Este antecede a menstruação em aproximadamente 14 dias. Portanto, esse cálculo não pode ser feito em pacientes que não sabem de suas próximas menstruações.



VI) DUCHA VAGINAL




É um método muito falho, pois os espermatozóides, em poucos segundos, alcançam porções altas do trato genital.


Fonte de Consulta: Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria – Suplemento sobre Adolescência

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)





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