terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Chiado no peito






É impressionante o número de crianças que apresentam “chiado no peito” na época do frio.

Chama atenção também o tanto que os familiares desconhecem esse tema. Para a maioria “chiado no peito” quer dizer bronquite, um termo banalizado pelo uso corrente de leigos e profissionais ligados à área de saúde.

Fala-se de boca cheia como se o termo bronquite explicasse tudo, justificando medidas ultrapassadas, conselhos descabidos, medos exagerados, simpatias diversas, uso de medicamentos ineficazes. E as crianças continuam chiando...

O termo chiado no peito tem sido utilizado para referir-se a diversas condições do aparelho respiratório, quer sejam agudas ou crônicas.

Quando os profissionais de saúde comunicam aos familiares que uma criança está chiando quer dizer que ela está emitindo um som resultante da passagem do ar pelas vias aéreas (traquéia, brônquios e outras) estreitadas, situadas dentro dos pulmões.

As vias aéreas poderão estar estreitadas por vários motivos (é como se a água que corresse no interior dos canos de uma casa encontrassem algum obstáculo para sua passagem). Desde acúmulo de secreções (catarro) e inflamações até estreitamento produzido pelas contrações da musculatura dos brônquios (chamando-se a isso de broncoespasmo).

Sabe-se que cerca de 20 a 30% (um número elevado) das crianças apresentam chiado no peito pelo menos uma vez no primeiro ano de vida, e que 40% ou mais têm essa queixa até os três anos de idade.

É preciso saber que nem todas essas crianças têm asma, temor dos familiares. Mesmo sabendo-se que a asma é causa frequente de crises recorrentes de chiado no peito na infância e que seu início pode ocorrer nos primeiros anos de vida.

Portanto, nem tudo que chia é asma. As crianças que têm asma chiam. Mas o contrário não é verdadeiro.

Chiado no peito é um termo inespecífico, quer dizer, não diz quase nada. Não é diagnóstico de uma doença.

A definição de asma não permite identificar esse diagnóstico facilmente nos primeiros anos de vida. Assim, constata-se a confusão de termos utilizados para tentar explicar o que está acontecendo com essas crianças que chiam.

Bronquite asmatiforme (a mais utilizada), bebê chiador, bronquiolite recorrente, asma infantil, bebê chiador com infecções respiratórias, e outras.

Nesses lactentes (até os 2 anos de vida) a melhor conduta é não se preocupar com um diagnóstico preciso, exato, evitando-se rotular a criança de asmática (pelo menos na fase inicial da abordagem diagnóstica).

Os familiares devem compreender o que está acontecendo, o que significa chieira e qual será a melhor abordagem que certamente não será a mesma para todos.

Cerca de 60% das infecções que acometem as vias respiratórias inferiores dos lactentes cursam com sibilos (chiado no peito). Essas infecções são frequentes até os 2 anos de idade, predominando as provocadas por vírus (resfriados comuns e gripes).

Essas infecções viróticas são, de longe, as maiores causadoras dos chiados no peito, não significando que as crianças acometidas serão chiadores crônicos.

As próprias características anatômicas dessas vias aéreas dos lactentes (mais estreitadas, mais fáceis de se contraírem diante de vários estímulos inespecíficos do meio ambiente, mais ricas em glândulas produtoras de secreções – catarro, etc) favorecem a ocorrência de chiados.

Os pulmões crescem continuamente. Da infância até a adolescência ocorrem importantes transformações. Por isso, com o passar dos anos, muitos lactentes chiadores deixam de sê-lo.

De modo geral considera-se que as crianças que “chiam” nos primeiros anos de vida têm boa evolução, e são diferentes daquelas que apresentam asma.

Estudos mostraram que enquanto 60% dos lactentes têm crises de sibilância (chiado no peito), somente 15 a 20% das crianças maiores relatam o mesmo problema, indicando que, com o crescimento, a maioria torna-se assintomática.

Por último, é preciso saber que várias doenças poderão ser causas de chiado no peito em crianças menores. Cabe ao médico pediatra realizar o diagnóstico diferencial, isto é, saber o que está causando o quê naquela criança específica.

Nem tudo que chia é bronquite. Nem tudo que chia é asma. Evite tomar atitudes para seu filho que deram certo para os filhos dos outros.

Cada criança tem sua história, sua família, seu meio de vida. Cada abordagem e tratamento deverão ser individualizados.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto á Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)