quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Chupetas e verminoses



É comum presenciarmos uma criança pegando sua própria chupeta que acabou de cair no chão, limpá-la na roupa, quando o faz, e colocar de volta na boca. Isso na presença e consentimento dos pais, babás, irmãos mais velhos, avós.

É um hábito. Parece que o fato de pegar a chupeta rapidamente do chão não dará tempo às bactérias e outros parasitas do meio ambiente para se agarrarem na mesma.

No máximo alguém toma a chupeta já nas mãos da criança, rumo à boca, lavando-a na água de torneira mais próxima, limpando a consciência e devolvendo-a para calar um possível choro. Isso se tiver alguém por perto presenciando a cena.

Senão, seja o que Deus quiser...

D`outras feitas vemos chupetas já bastante gastas, melando aquele plástico já meio esbranquiçado de tão velho e mastigado, em crianças já grandes, mimadas e choronas. É só tomar e comprar briga com as mesmas. Birras, escândalos, noites sem dormir.

As parasitoses intestinais (verminoses) estão amplamente distribuídas no planeta, apresentando altas taxas de prevalência em algumas regiões do Brasil. Tais doenças provocam diarréias, anemia, menor capacidade para trabalho, baixo rendimento escolar e deficiência no crescimento, constituindo um importante problema de saúde pública.

As verminoses estão intimamente relacionadas ao subdesenvolvimento, à falta de saneamento ambiental, à falta de educação e à desinformação sanitária.

Os vermes eliminam seus ovos, larvas ou cistos junto com as fezes, contaminando o ambiente e o solo, podendo ser levados pela poeira aos alimentos ou serem arrastados por correntes de água. As enxurradas que atingem as fontes que abastecem a cidade e as irrigações das plantações, inclusive as hortaliças, conduzem esses ovos e cistos até as pessoas.

Mãos sujas levadas diretamente à boca, tanto por adultos como por crianças, oferecem riscos de contaminação. As larvas dos vermes penetram ativamente pelos pés descalços.

Investigações mostraram claramente a contaminação de bicos de mamadeiras e chupetas por bactérias fecais e parasitas intestinais, favorecendo a contaminação, levando a um ciclo vicioso de diarréias, desnutrição, má higiene ambiental, pobreza.

Também já se demonstrou a presença de parasitas intestinais em verduras e nas águas de irrigação de hortas, bem como nas unhas de crianças e adultos, em roupas de cama (pijamas e lençóis), em poeira de dormitórios e em peças e objetos de banheiros.

As chupetas constituem uma importante fonte de contaminação, principalmente em crianças que têm intenso contato como o solo ou vivem em condições de saneamento inadequado. Nessas populações as parasitoses intestinais encontram o alvo preferido para sua proliferação, constituindo um importante problema social.

A maior parte das crianças faz uso constante da chupeta. Passa a fazer parte da vida dela desde recém-nascida. Se o neném chora, lá vem a chupeta para acalmar.

Se a criança está mais inquieta não dando sossego à mãe, lá vem a chupeta. Se ela está com dificuldade para conciliar o sono, adivinhem o que é dado ...

É um hábito enraizado, difundido no Brasil e em outros países, pouco alterado com o passar dos anos.

Na literatura médica têm sido publicados relatos chamando a atenção para outros aspectos desfavoráveis associados ao uso de chupetas: maior risco de ocorrência de desmame precoce, de infecções do ouvido, de diarréias infecciosas e má oclusão dos dentes.

A utilização de chupetas deve ser desencorajada principalmente entre as crianças pertencentes a famílias de condições sócio-econômicas desfavoráveis e nas crianças institucionalizadas (creches, escolas especiais, orfanatos), onde o risco de sua contaminação é maior.

Seu uso deveria ser proibido nas maternidades, incentivando o aleitamento materno e explicando às mães que as chupetas prejudicam o mesmo.

Quando utilizadas nos primeiros meses de vida, devem ser fornecidas às mães informações da importância da higienização adequada das chupetas, a fim de que seja reduzido o risco de veiculação de bactérias, ovos, cistos ou larvas de vermes.

Esse hábito de usar chupetas não deve perdurar além dos primeiros meses de vida.

Quanto maior a criança, mais difícil é a retirada da chupeta de seus hábitos. E maior é a chance de contaminação das mesmas.
 
Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescerr: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)