sábado, 19 de dezembro de 2009

Infância e prevenção de ataque cardíaco na vida adulta









ATAQUE CARDÍACO

Esse nome é dado para várias doenças que acometem o coração de adulto jovem e do idoso. O infarto agudo do miocárdio é um deles.

É um dos principais problemas de saúde em todo mundo, representando uma significativa parcela da mortalidade total nos dias atuais.

A ocorrência de doença isquêmica do coração é o resultado de uma combinação de fatores genéticos, socioeconômicos e ambientais, estes últimos representados pelo estilo de vida durante a vida adulta.

DIETA E NÍVEL DE COLESTEROL

Uma dieta balanceada durante a infância e adolescência é a principal estratégia utilizada para reduzir o risco de doença das coronárias (artérias que irrigam o músculo cardíaco) durante a vida adulta.

Principal atenção deve ser dada à restrição da ingestão de gorduras saturadas e colesterol. No entanto, uma restrição dietética sem supervisão médica poderá levar a deficiências e ao crescimento inadequado (nanismo).

NÍVEl. DE COLESTEROL

Para crianças norte-americanas os níveis de colesterol total considerados aceitáveis são abaixo de 170 mg/dl ou elevados se estão acima ou igual a 200 mg/dl.

A probabilidade que uma criança com colesterol total acima de 200 mg/dl manter-se com esses níveis elevados durante a vida adulta é bastante elevada, constituindo, portanto, em um fator de risco importante.

O valor de 200 mg/dl na criança corresponde a 260 mg/dl do adulto, valor definitivamente associado a um risco aumentado para doença cardíaca aguda isquêmica.

Para crianças com historia familiar de risco a dosagem periódica do colesterol total é obrigatória. Para as demais essas medidas são controversas.


O BOM E O MAU COLESTEROL


As evidências dos estudos populacionais atuais apóiam a teoria de que tanto as concentrações aumentadas de colesterol total como do LDL (colesterol mau para doenças isquêmicas) predispõem à doença arterial coronariana, enquanto que taxas elevadas de HDL (colesterol bom) reduzem o risco em adultos.


HISTORIA FAMILIAR DE RISCO


Se na família de uma criança ou do adolescente têm avós com evidências de doenças aterosclerótica ou doença vascular cerebral (derrame) antes dos 55 anos para homens e 65 anos para mulheres, ou níveis de colesterol acima de 240 mg/dl, então um cuidado especial dietético deve ser feito, mudando rigorosamente os hábitos alimentares, evitando a mesma doença no futuro daquela criança ou adolescente.


OBESIDADE


Está ocorrendo um aumento da obesidade entre as crianças e adolescentes.

Os principais fatores são de ordem socioculturais e econômicos, com dieta pouco saudável, com alta proporção de gorduras, e atitudes sedentárias, de pouca atividade física.

A obesidade adquirida na infância tende a persistir pela vida adulta.

Aproximadamente um terço dos adultos obesos foram crianças obesas.

A obesidade não é considerada um fator de risco direto para aterosclerose coronária, mas, em geral, vem acompanhada de hipertensão arterial e diabetes mellitus, dois fatores de risco importantes para a doença isquêmica do coração (infarto agudo do miocárdio) e do cérebro (derrame cerebral).

A obesidade na infância não está apenas relacionada com fatores nutricionais, mas a mudanças de hábitos e comportamentos na sociedade atual, privilegiando atividades sedentárias.

SEDENTARISMO


Adolescentes que adquirem o hábito de praticar atividades físicas tendem a mantê-lo na vida adulta.

As atividades físicas na infância não conferem proteção cardíaca se essas atividades não forem mantidas posteriormente.

Essas atividades devem ser incorporadas no dia a dia da criança, como ir e voltar a pé para a escola, andar menos de carro, praticar esportes que tragam prazer e alegria, e não somente aqueles que os pais ou profissionais de saúde indicaram.

PRESSÃO ALTA


Embora a hipertensão arterial possa iniciar na infância, ainda não está bem estabelecida a associação entre a elevação leve ou moderada dos níveis da pressão na infância e um risco aumentado na vida adulta.

É recomendável que a pressão arterial seja medida de rotina em toda criança acima de três anos de idade, e em toda consulta de urgência e emergência.

Os filhos adolescentes de pais com pressão alta devem ser acompanhados com regularidade porque tendem a apresentar o mesmo problema durante suas vidas.

Dietas saudáveis, associadas com a manutenção do peso ideal e a prática regular de atividade física devem ser incentivados nas crianças para evitar pressão alta e suas conseqüências em longo prazo, como infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral.

CIGARROS


O tabagismo está associado a um risco elevado de doenças cardiovasculares e outras, devendo-se conscientizar os pais sobre o fato das crianças fumarem passivamente quando estão expostas no meio ambiente cujos familiares fumam.

CONCLUSÃO


As doenças cardíacas e cerebrovasculares (derrame cerebral) são as principais causas de morte em pessoas acima de 30 anos de idade, no continente americano.

A saúde do coração é dependente da combinação de fatores ambientais, com condições saudáveis de vida. Tais hábitos devem ser adquiridos na infância e adolescência, tendo continuidade na vida adulta.


NÃO ADIANTA CHORAR O LEITE DERRAMADO


Adultos enfartados, obesos, diabéticos, ou com seqüelas de derrame cerebral em conseqüência de pressão alta não controlada, dariam tudo para voltar atrás em suas vidas e evitar os fatores de risco citados acima.

Aí já é tarde. O tempo é irreversível. Por que não incorporar esse conhecimento já na infância e adolescência projetando um futuro mais saudável para todos?

Esse é um dos principais desafios dos pais atuais. Ensinar aos filhos viver bem hoje com os olhos voltados para o futuro.


Fontes: Jornal de Pediatria Sociedade Brasileira de Pediatria. 
           
             Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)