sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Dor de ouvido: desespero de pais e filhos










A INTERPRETAÇÃO DA DOR


Qual a dor que dói mais?

De dente, as dores do parto, a de cotovelo, ou de ouvido?

Há um medidor de dor?

Ou a comunicação da intensidade de uma dor depende da sensibilidade individual, das experiências prévias que a criança já teve, do ambiente emocional ao redor, da hora do dia (tudo piora à noite...) e das experiências dos pais com dores semelhantes?

Cada um escuta sua dor com seus mecanismos únicos de seres individuais. Nenhuma dor é igual à outra.

O Ser Humano é o único que tem consciência de sua dor, isto é, é o único que sabe qual o tamanho que sua dor pode ter.

Se já existiram experiências prévias com a mesma dor o desespero aumenta. Instala-se o medo da dor, que muitas vezes é maior do que a própria. Haja vista o medo que a maioria das pessoas têm da cadeira de um dentista... Aquele motorzinho...

Na infância os pais são porta-vozes das dores de seus filhos. São seus guardiões. Eles interpretam e comunicam ao profissional de saúde segundo as cores que eles mesmos pintam da dor. A dor do filho que dói neles. Se pudessem, sentiriam as dores para eles.

Assim, dependendo da ansiedade e preocupação dos pais a intensidade da dor em seus filhos será maior do que realmente é. Muitas vezes os pais estão desesperados e a criança também se desespera. Não pela dor. Mas pelo ambiente emocional instalado, de apreensão e medo.

Doutras feitas os pais atribuem ao ouvido qualquer choro exagerado em recém-nascidos e lactentes...

É o ouvido! Choram com cólicas. É o ouvido. Choram de fome. É o ouvido. Choram por falta de aconchego. É o ouvido. E lá se vão gotas para pingar, emplastos para colocar na orelha, até analgésicos para pingar e aliviar a suposta dor... Tudo passa a ser o ouvido.

Só ouvem esse significado único: o ouvido que dói.

A INFECÇÃO - OTITE

A Infecção do ouvido ocorre principalmente em crianças menores de três anos, por motivos anatômicos, imunológicos e fisiológicos.

O canal muscular (tuba auditiva - vide figua acima) que liga o ouvido à garganta é mais estreito e mais horizontal do que em crianças maiores, facilitando a regurgitação de substâncias para o ouvido médio.

O sistema imunológico é imaturo, contribuindo para as infecções. As viroses de vias aéreas superiores são mais frequentes, precedendo as infecções bacterianas.

Os pais costumam apertar a região externa do ouvido para verificar se a criança está mesmo com dor. A interpretação dessa manobra é muito duvidosa, além do que inúmeras crianças com otite não apresentam qualquer sinal de dor. Por isso mesmo esse procedimento deve ser desestimulado.

Além disso, os pais sempre associam infecção do ouvido com febre, quando na verdade não raramente vemos otite sem febre.

O QUE FAZER

Somente o médico está habilitado para fazer o diagnóstico correto de infecção do ouvido. Nenhum outro profissional.

O que os pais podem fazer quando suspeitam de infecção de ouvido em seus filhos é tomar medidas que aliviam a dor até o pediatra examinar.

Colocar uma compressa seca e morna sobre o ouvido suspeito ajuda a aliviar a dor. (Morna! Não tão quente, do tamanho da ansiedade do momento, a ponto de deixar a orelha vermelha com queimaduras de primeiro grau!).

O uso de analgésicos comuns também está justificado. Analgésicos para tomar e não para pingar no ouvido! Não se deve pingar nada sem orientação médica. Essa conduta mais atrapalha do que ajuda no diagnóstico da otite.

Portanto, ouça uma boa dica: nem todo choro é dor. Nem toda dor é dor de ouvido.

Na dúvida, leve seu filho ao pediatra.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)