quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Exantema Súbito



1) O QUE É EXANTEMA?

É uma mancha cutânea de fundo vascular e de causa infecciosa, alérgica, tóxica ou física, podendo se manifestar de várias formas: mácula (mancha plana), pápula (mancha com elevação), vesícula (com conteúdo líquido, como na catapora), pústula (quando há infecção bacteriana associada), crosta (como nas “perebas” dos meninos) e sufusões hemorrágicas (como ocorre nas meningococcemias).


2) POR QUE EXANTEMA SÚBITO?


Porque as manchas na pele surgem subitamente após um período febril variável (de 24 horas de duração até 3 a 5 dias), coincidente com o desaparecimento da febre.


3) EXISTEM OUTROS NOMES PARA O EXANTEMA SÚBITO?


Também é chamada de Roséola infantum, sexta moléstia, pseudo-rubéola , exantema criticum, ou febre dos três dias.

4) O QUE É A DOENÇA?

Foi descrita pela primeira vez, de modo mais completo, em 1910, nos EUA. Trata-se de uma doença infectocontagiosa aguda, comum em lactentes (de 6 meses a 3 anos), caracterizada por febre alta de três a cinco dias de duração, que desaparece subitamente, seguida pelo surgimento imediato de uma erupção macular ou maculo-papular, com duração de um a dois dias.

O termo Exantema Súbito foi proposto na literatura médica em 1921 para salientar o aparecimento repentino e inesperado do exantema já na fase de regressão da doença, tão logo a febre desapareça.

5) QUAL A CAUSA DO EXANTEMA SÚBITO?


Em 1988 foi isolado o herpesvírus-6 humano (HHV-6) como agente causal da doença. Em 1994 foi isolado um outro vírus relacionado com o exantema súbito, que recebeu o nome de HHV-7 (hepesvírus-7 humano), podendo ser o responsável por um segundo episódio de exantema súbito na mesma criança, após infecção anterior pelo HHV-6.

6) COMO A DOENÇA É TRANSMITIDA?

O ser humano é o único hospedeiro natural do HHV-6 e HHV-7. A fonte de infecção mais provável é através de secreções orais, uma vez que o vírus tem sido detectado na saliva de uma proporção significante de adultos saudáveis.

Não há relatos de contato através de transfusão sanguínea. O leite materno não constitui fonte importante de infecção. Nenhuma síndrome de infecção congênita foi ainda descrita.

Os recém-nascidos apresentam, quase uniformemente, anticorpos maternos específicos, os quais declinam no primeiro ano de vida, coincidindo com a época de maior incidência da doença, qual seja, de 6 a 12 meses de idade.

Estima-se que o período de incubação (aquele no qual o organismo está com o vírus sem ainda manifestar a doença) é de cerca de 9 a 10 dias.


7) COMO A DOENÇA SE MANIFESTA?


A infecção pelo HHV-6 constitui uma das principais causas de doença febril aguda entre crianças menores de três anos de idade. As manifestações clínicas incluem: 1) infecção inaparente; 2) quadros febris agudos sem erupções cutâneas ou sinais de localização; 3) quadros febris agudos acompanhados de aumento de tamanho dos gânglios cervicais, sintomas gastrointestinais ou respiratórios, e inflamação das membranas timpânicas; 4) erupções cutâneas sem febre; 5) quadros típicos de exantema súbito com febre, em aproximadamente 20%.

8) COMO EVOLUI A FEBRE?


A temperatura máxima observada oscila de 39,4 mais ou menos 0,7 a qual persiste por 4,1 mais ou menos 1,2 dias. A febre geralmente é mais elevada do que outras doenças febris agudas. Porém, apesar da febre alta, o estado geral da criança está preservado, mantendo-se ativa e alerta, observando-se inquietude e irritabilidade nos momentos de picos febris.

A duração da febre é de três a cinco dias, raramente podendo persistir até nove dias. A temperatura retorna ao normal rapidamente após surgir o exantema, ou lentamente após o surgimento do mesmo, durante período de 24 a 36 horas.

9) CONVULSÕES FEBRIS PODEM ACOMPANHAR O EXANTEMA SÚBITO?

Aproximadamente 10 a 15% dos casos de exantema súbito evoluem com convulsão febril, os quais ocorrem durante o período febril. Pensava-se que a crise convulsiva ocorria somente por causa da febre. No entanto, no Japão, em 1993, pesquisaram a presença do vírus no sistema nervoso central e constataram que o vírus invade rapidamente as células cerebrais durante o episódio de exantema súbito, o que poderia causar alguns sintomas neurológicos, como convulsões, vômitos, fontanela anterior (“moleira”) abaulada, permanecendo no organismo em estado de latência. A febre poderia se constituir em um fator para a reativação do vírus, e que a suscetibilidade genética, relacionada à ocorrência de convulsões febris, estaria ligada à resposta imunológica individual ao HHV-6.

10) COMPLICAÇÕES NEUROLÓGICAS

Não está bem estabelecido na literatura médica se a presença do vírus no organismo, em estado de latência, poderia causar outros problemas neurológicos além das convulsões febris. Há relatos de meningoencefalites e hemiplegia aguda em crianças (déficits neurológicos acometendo uma das metades do corpo).

11) O EXANTEMA

O aparecimento da erupção cutânea geralmente coincide com o desaparecimento da febre, podendo durar de 2 a 5 dias, com desaparecimento espontâneo. Em alguns pacientes o exantema pode aparecer mais tardiamente, no segundo ou terceiro dia após a queda da febre. Às vezes o início do exantema ocorre antes da temperatura retornar ao normal. O exantema apresenta várias formas, podendo ser semelhante ao exantema do sarampo, às vezes semelhante à rubéola, às vezes com pápulas. Aparece inicialmente na face, pescoço e tronco, espalhando-se para outras localizações. A presença de prurido e descamação usualmente não ocorre, mas uma pigmentação discreta tem sido relatada em alguns casos.

12) DIAGNÓSTICO

Em nosso meio o diagnóstico é essencialmente clínico, sendo realizado , na maioria das vezes, somente nos casos clássicos descritos. Há muitas crianças com febre sem sinais de localização, sem exantemas, cujo diagnóstico não é realizado. Os testes laboratoriais são inespecíficos. As técnicas especializadas para isolamento do vírus são disponíveis somente em poucos laboratórios de pesquisa.

13) TRATAMENTO

A grande maioria dos casos evolui sem complicações, necessitando somente tratamento de suporte, uso de antitérmico, e condutas adequadas orientadas pelo pediatra em casos de convulsões febris.

A terapia antivirótica pode ser considerada nos casos severos, nos casos de encefalite, especialmente nos pacientes imunodeprimidos.

Fonte: Infectologia Pediátrica – Calil Kairalla Farhat e outros. ATHENEU – terceira edição.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer : Do feto à adolescência.(http://www.procrescer.med.br/)