segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ser feliz, estudar, ter sucesso: qual o melhor caminho para seu filho?



Português, História, Geografia, Matemática, Ciências, Filosofia, Educação Afetivo-Sexual, Espanhol, Inglês, Educação Física, Computação, Artes, Natação, Balé, Música, Teatro, etc, etc... E mais etc...

Ufa!

Meu filho não brinca mais, doutor. Não tem tempo. Sinto-o triste. São tarefas demais para fazer em casa. Ele anda tenso, deixou de fazer muitas coisas que fazia antes e lhe davam prazer. Não será coisa demais para a idade dele?

Essa pergunta se repete no consultório, principalmente na passagem de uma série escolar para outra, ou de uma escola para outra. A ansiedade dos pais aumenta no final do ano, época de mudanças.

O que você espera de uma escola para seu filho?

Quais valores te orientam na escolha da melhor?

Será verdade a associação freqüente que os pais fazem entre exigir disciplina escolar para seus filhos, tristeza e depressão?

O estudo é incompatível com alegria de viver?

Não se pode aprender brincando?

O ritual de passagem da infância para a adolescência e dessa para a vida adulta não poderia ser menos rígido, com maior flexibilidade adaptativa, contribuindo as escolas para facilitar esse processo e não para dificulta-lo ainda mais?

Quais os fundamentos que orientam uma escola ao se propor educar alguém, fazer parte da vida desse alguém por um longo período, ajudando a formar cidadãos livres?

Seres livres e felizes ou seres bem sucedidos, mas tristes e infelizes? Há incompatibilidade entre esses valores?

Para quem tem filhos na escola todas essas dúvidas perpassam pelas mentes preocupadas de muitos pais procurando o melhor caminho.

Dúvidas legítimas que pesam nas tomadas de decisões.

Mudar de escola? Ingressar em uma supostamente mais rígida que se propõe a dar disciplina a quem ainda não a adquiriu? Deixa-la em uma supostamente mais light, persistindo a dúvida de que ao ser supostamente mais light não estaria contribuindo, por isso mesmo, para um suposto fracasso profissional no futuro?

Qual a escola ideal? Ela existe?

Existem fundamentos educacionais que uma vez incorporados pela criança e adolescentes em formação passam a ser instrumentos valorosos para lidar com a complexidade dos tempos atuais.

O mundo está mais complexo hoje do que aquele que se mostrava para a geração dos pais atuais. Em conseqüência os jovens de hoje têm acesso a uma gama de informações que não eram disponíveis para a humanidade há apenas alguns anos. Isso pode gerar apreensão e medo. Nos pais. Nos filhos.

Há várias causas de tristeza e depressão. A realidade humana é complexa e variada. Há uma associação indevida entre tristeza, depressão e estudos.

O conhecimento é fonte de alegria e prazer. Permite ao humano adentrar-se na realidade, conhece-la melhor para poder modifica-la, tornando-a humanamente rica de significados.

A realidade é fonte de criatividade. Ser criativo é conquistar e repartir alegrias. Criar é fazer jorrar fontes genuínas de prazer e liberdade.

A realidade é aberta, dada a se construir continuamente. Um sistema educacional seja qual for, de qual escola vier, não poderá contribuir para deixar as crianças e adolescentes tristes e acuadas.

Deveria existir diálogo permanente entre pais, educadores, responsáveis pelas escolas, profissionais de saúde e demais setores da sociedade interessados em educação infanto-juvenil. O que não ocorre.

Os pais colocam as crianças nas escolas e não interagem com as mesmas no decorrer do ano. Não sabem precisamente o que se ensina, como se ensina, porque há tantas tarefas a serem realizadas. Ficam apenas com a idéia vaga de que o aluno está sendo sacrificado, permanecendo a dúvida se o professor de determinada matéria sabe realmente das exigências dos outros em termos de lições de casa, ou se é cada um por si, sem um coordenador de classe, não interessando se há exigências em excesso e cumulativas entre uma matéria e outra.

Se houvesse melhor diálogo entre pais e educadores os problemas poderiam ser melhor equacionados, surgindo a possibilidade de melhores soluções, diminuindo ansiedades.

Os pais conheceriam a respeito de métodos educacionais e as escolas ficariam mais próximas dos desejos e expectativas dos mesmos, ajudando-os na hora de optar pela escola que correspondesse melhor às suas expectativas, construindo, junto com ela, o que de melhor houver.

Após a escolha, sosseguem o coração.

O medo de errar causa angústias e paralisa as ações, gerando culpas e ansiedades.

Não há como prever e cercar o futuro exatamente tal como gostaríamos que ele fosse.

A vida é pródiga e generosa.

Uma boa educação escolar é de fundamental importância para os filhos. Mas não é o que determina, por si só, a felicidade humana.

Não deveria existir incompatibilidade entre alegria e estudos, bem como a alegria não é e nunca foi propriedade privada de quem tem acesso escolar.

A vida é muito mais ampla.

Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto á Adolescência. (http://www.procrescer.med.br/)