segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Os perigos da automedicação




Muitas mães saem dos consultórios pediátricos frustradas, senão com raiva do profissional.

Virose. Toda vez é a mesma coisa. Virose.

Ao invés de se sentirem confortadas pela ausência de alguma doença mais grave em seus filhos, saem criticando o profissional. Sem nenhum antibiótico ou remédio para tosse.

Não volto mais aqui, pensam. Preferem ir à farmácia do fulano de tal. Lá é tiro e queda. Só olham pra garganta do menino e já sabem o que ele tem. E tome lá um antibiótico dos bons!

De outra feita são as recomendações de vizinhos, conhecidos, pessoas mais experientes. Indicam remédios para dores de cabeça, de ouvido, garganta, na coluna, inchaços.

Fazem diagnósticos de sarampo, catapora, rubéola. Afastam crianças da escola, das creches. Contra-indicam banhos, lavagem da cabeça, alimentos que poderiam fazer mal para o fígado, e assim vai.

Receitas antigas guardadas há muito tempo são repetidas. Receitas médicas indicadas para outros pacientes são recomendadas para esse ou aquele, aparentemente acometidos pelo mesmo mal.

Crianças com doenças leves são levadas de maneira desnecessária ao médico, crianças com doenças graves chegam aos profissionais com muita demora.

Vacinas básicas não são dadas por desconhecimento das verdadeiras contra-indicações. Vacinas contra doenças graves são deixadas de lado porque os pais acham que não são importantes.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A SAÚDE?

As variáveis que criam e mantém esse caos são muitas. Quero chamar atenção para a automedicação. Para o descuido das pessoas com elas mesmas e seus filhos, mantendo uma cultura “de médicos e loucos, todos nós temos um pouco”.

Viroses são comuns na infância. A maioria autolimitada, não exigindo nenhuma intervenção medicamentosa, necessitando de acompanhamento médico para eventuais complicações.

Nada de antibióticos, antiinflamatórios, anti isso, anti aquilo.

Seja antes de tudo um anti qualquer coisa.

Trata-se da saúde de crianças. Medicamentos têm que ser bem indicados por profissionais competentes na área. São armas poderosas contra várias patologias, desde que usadas com critérios científicos adequados.

As crianças estão em contínuo crescimento e desenvolvimento.

Os potenciais efeitos colaterais dos antibióticos, antiinflamatírios, anti isso e anti aquilo, poderão causar prejuízos graves, com risco de vida.

Alergias. Seleção de bactérias multiresistentes e retardamento de diagnósticos das patologias não infecciosas semelhantes a essas. E, além do mais, há o aumento dos custos do tratamento, onerando a família, sem trazer benefícios ao pequeno paciente.

A quem interessa esse caos, essa cultura de automedicação ?

Pense um pouco sobre isso. Seja mais exigente, mais criterioso com a saúde dos seus.



Clínica Infanto-Juvenil Pró-Crescer: Do Feto à Adolescência (http://www.procrescer.med.br/)