quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Hiperatividade e Déficit de Atenção: O que é?




Caracteriza-se por: 1) Falta de atenção e concentração; 2) Impulsividade e 3) Hiperatividade

1) PREVALÊNCIA

A prevalência gira em torno de 5-10%, com predomínio do sexo masculino.

2) POSSÍVEIS CAUSAS

Hoje se admite como fundamental a influência genética, portanto, não relacionada com a maneira como os pais cuidam da criança. Não se trata de um problema consequente à maneira cuidar. É genético. Há partipação de vários genes resultando em alterações neuroquímicas do cérebro.

3) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS


A) ATENÇÃO E CONCENTRAÇÃO DEFICIENTES

Pelo menos quatro das seguintes características:
a) É indispensável um ambiente muito tranqüilo para que a criança possa trabalhar ou se concentrar;

b) A criança solicita, com freqüência, para repetir as ordens e as explicações verbais;

c) Muito distraída;

d) Confunde detalhes (de historias, jogos);

e) Quase nunca termina o que começou;

f) Ouve, mas não parece escutar;

g) Dificuldade para se concentrar, a menos que receba atenção individualizada.

B) IMPULSIVIDADE

Pelo menos três dos seguintes itens:

a) Faz barulho na classe; sai da classe;

b) É extremamente excitável; pula excessivamente de uma atividade para outra;

c) Tem dificuldade (perturbação) em esperar a vez (em situações de grupo);

d) Fala excessivamente;

e) Perturba outras crianças.

C) HIPERATIVIDADE

Pelo menos três dos seguintes itens:

a) Não pára quieta, não consegue permanecer sentada, corre mais do que anda;

b) Sempre agitada, nervosa, em contorções;

c) Precisa estar sempre em atividade senão fica nervosa;

d) Trepa nos armários e móveis;

e) Faz tudo de maneira barulhenta e espalhafatosa;

f) Movimenta-se excessivamente durante o sono.

4) INÍCIO DO QUADRO CLÍNICO

Antes dos sete anos, duração obrigatória de pelo menos seis meses.

5) DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS MAIS FREQUENTES

a) Surdez

b) Crises de ausência de pequeno mal;

c) Autismo;

d) Esquizofrenia


6) EXAMES

a) Exame neurológico de rotina: normal;

b) Teste psicométrico: Útil para verificar a influência dos déficits de atenção no aprendizado; discrepâncias entre testes em grupo e individuais, com melhor desempenho nestes últimos;

c) EEG: As alterações NÃO são diagnósticas e NEM constituem indicação para medicação anticonvulsivante;

d) Tomografia do cérebro: NÃO tem indicação.

7) TRATAMENTO

a) Abordagem correta da criança inicia com a utilização RIGOROSA dos critérios acima EVITANDO diagnósticos INCORRETOS.

b) Pais devem ser informados que A DOENÇA É NEURO-BIOLÓGICA e que NÃO É CULPA DE NINGUÉM. Não é falha educacional dos pais, não é decorrência de problemas no período neonatal, não é falta de motivação e nem de inteligência.

c) A doença é crônica e os sintomas mudam com a idade e com o amadurecimento.

d) A doença é tratável e a criança deve ter participação ativa nesse tratamento.

e) Deve-se fazer um comunicado à escola, realçando as implicações educacionais e lembrando: 1) o comportamento provocativo não é proposital, mas decorre da doença; 2) a necessidade de um trabalho conjunto; 3) um controle em longo prazo.

f) O tratamento compreende: 1) intervenções educacionais; 2) comportamentais; 3) farmacológicas; 4) UMA ESTRATÉGIA educacional ÓTIMA é fundamental, indispensável e insubstituível.

9) MANEJO EDUCACIONAL

a) Treinamento individualizado, com técnicas educacionais de repetição e reforço;

b) Deverá existir uma escolha da escola e de classe apropriadas;

c) Modificações da classe, suprimindo os estímulos que provocam distração (localização especial dentro da classe);

d) Ajuda didática: professor apropriado, aulas de reforço e especialmente professor particular especializado em áreas específicas onde houver maior dificuldade do aluno;

e) Estabelecimento de rotinas adequadas, organização do tempo e de material; análise crítica e possível modificação ou remanejamento de atividades não acadêmicas como música, balé e esportes;

f) Permitir, de acordo com as circunstâncias, o uso de calculadoras, e mais tempo para as atividades de classe e para as provas;

g) Estabelecer o momento e fazer recomendações específicas sobre alterações do currículo normal.

h) O momento crítico é a passagem da quarta para a quinta série escolar, onde poderá haver redução da hiperatividade, mas ainda manter o déficit de atenção, podendo se agravar com mudança de um único professor para vários professores de várias matérias.

10) TERAPÊUTICA COMPORTAMENTAL


a) A família deve se conscientizar que a criança é diferente, estabelecendo com a mesma atitudes de reforço positivo;

b) Psicoterapia individual é necessária para que a criança se conscientize do problema de seu comportamento, principalmente se já estiverem instalados problemas emocionais subjacentes, influenciando na aprendizagem;

c) Os pais deverão procurar ajuda psicoterápica necessária, principalmente se houver grandes dificuldades para lidar com a criança, gerando frustrações e depressões nos mesmos.

11) USO DE REMÉDIOS

a) Somente o profissional médico estará habilitado para usar os medicamentos indicados nos casos selecionados

b) Os remédios não são a cura para os problemas apresentados. Fazem parte do TRATAMENTO GLOBAL da criança;

c) Nos distúrbios específicos de aprendizado e memória NÃO há indicação para medicamentos;

d) Nos distúrbios (déficit) de atenção o uso de drogas estimulantes do sistema nervoso central pode ser útil. Nesses casos os medicamentos que têm melhor resultado são os metilfenidatos (Ritalina), cujas doses progressivas serão prescritas pelos médicos habilitados, com controle dos possíveis efeitos colaterais. O uso da imipramina (Tofranyl) é menos eficaz.

e) Aproveitar o efeito benéfico do estimulante para um reforço educacional concetnrado

f) A SIMPLES ADMINISTRAÇÃO DO REMÉDIO PRODUZ EFEITOS MERAMENTE TRANSITÓRIOS.

Fonte: Pediatria – Diagnóstico + Tratamento: Jayme Murahovschi – Sarvier – Sexta Edição.

Clínica Intanto-Juvenil Pró-Crescer: Do feto à Adolescência.(http://www.procrescer.med.br/)